Familia OLIVEIRA

No Brasil, Henry Gibson contraiu matrimônio com Alexandrina Rosa de Oliveira e foram estas famílias – Gibson e Oliveira, o tronco principal de nossa àrvore genealógica.

Alexandrina (foto a esquerda) foi a primogênita do comerciante português José Antonio de Oliveira, nascido em Chaves e ali batizado na Igreja de Santa Maria Mayor em 1794 e da pernambucana Maria da Conceição D'Araujo Oliveira (vide 2 fotos dela ao final do texto). Maria da Conceição nasceu em Recife - Pernambuco, tendo sido batizada na Igreja de Madre de Deus em 08.fev.1796 (livro 15-187).

Maria da Conceição foi filha de Alexandre José D'Araujo, sargento-mor (comandante) das forças portuguesas na Villa do Recife e de Dona Antonia Gertrudes Magno Campos, ambos portugueses.

José Antonio de Oliveira foi filho de Manoel Gomes de Oliveira e de Dona Maria José de Oliveira, portugueses de Chaves.

Diz a tradição oral da familia que os nossos Oliveiras seriam judeus convertidos ao cristianismo pela Santa Inquisição. Se esta informação for correta, a conversão ao catolicismo foi real, pois além de não termos herdardo nenhum hábito hebraico, todos os filhos de Alexandrina, mesmo tendo sido batizados na Igreja Anglicana abraçaram, por sua influência, a religião católica.

Não podemos esquecer que nem todos os Oliveiras são cristãos novos, pois existem Oliveiras de origem portuguesa que não são de ascendência hebraica.

Em respeito às convicções religiosas de ambos, Henry & Alexandrina tiveram duas cerimonias de casamento: na Igreja Anglicana e na Igreja Católica.

O ato da Igreja Católica esta registrado nas fls. 103V, 104 e 104V, do livro 08 - 1836 a 1856 - de casamentos da Matriz do Corpo Santo da Freguesia de São Pedro Gonçalves, na Catedral da Madre de Deus, em Recife - Pe. Neste termo está registrado que "...o acto ocorreu as 06:30 horas da tarde, na casa da may* da nubente e foi feito sem as cerimônias eclesiasticas por ser o nubente de religião protestante". Na presença das testemunhas, foi feito um termo no qual Henry prometeu a: "...não embaraçar, nem de modo algum impedir, que a sua esposa, a Dona Alexandrina Roza de Oliveira siga e exercite plena e livremente a Religião Catholica Apostolica Romana que professa, obrigando-se a consentir que na mesma religião seja educada a futura prole de hum e outro sexo, que deste consórcio possa haver, sem poder nunca protestar cousa alguma contra o declarado e prometido;"

* José Antonio de Oliveira já era falecido na época do casamento.

É claro que esta forte convicção catolica de Alexandrina pode ter sido herdada de sua mãe, D. Maria da Conceição D'Araujo, que não foi nascida Oliveira e portanto não teria recebido nenhuma influência hebraica, se é que nossos Oliveiras foram cristãos-novos.

Apesar de Henry Gibson ter sido sepultado no Cemitério dos Ingleses, pois ele nunca abandonou a religião Anglicana, Alexandrina, seus filhos e descendentes foram sepultados no jazigo da familia Gibson, no Cemitério de Santo Amaro, católico. Este túmulo recebe até hoje os Gibsons falecidos em Recife.

O único indício que conhecemos e que poderia confirmar a versão da origem judia, é que José Antonio Gomes de Oliveira (JAGO), que supomos ter sido tio avô paterno de Alexandrina, estava estabelecido comercialmente em Londres no Bairro da Judiaria Velha (OLD JEWRY) . Este quarteirão - ainda existente mas agora reduzido a apenas 145 metros, está localizado no centro de Londres e abriga hoje vários escritórios de companhias financeiras, sendo considerado o centro financeiro da City.

É o que restou de um importante gueto judeu em Londres, que data da época da Conquista Normanda (ano de 1050).

Não sabemos informar se no século 19, quando JAGO tinha ali seu enderêço, o bairro abrigava apenas judeus ou se já era um centro financeiro cosmopolita. De qualquer forma, em seu testamento (disponivel no nosso site), o próprio JAGO se declarou católico.

JAGO foi sócio de seu sobrinho, Francisco Gomes de Oliveira (FGO), tio paterno de Alexandrina e que residia em Pernambuco. A Empresa (Oliveira & Nephew) provavelmente se dedicava a exportação de algodão e couro enviado por FGO de Pernambuco para Londres, onde JAGO comercializava estes artigos e os pagava com produtos das industrias inglesas. Daí ter feito a sociedade com o sobrinho FGO, representante e comprador da Empresa no Brasil. Após a falência da Oliveira & Nephew - em 1831, segundo informações de Galdino DupratFGO parece ter desempenhado as funções de leiloeiro oficial na praça do Recife e em jornais do final do século XIX, encontramos frequentemente anúncios de leilões promovidos por OLIVEIRA LEILOEIRO, que supomos tratar-se do próprio ou de um de seus filhos que o possa ter sucedido.

Acreditamos, baseados em fortes indicios e principalmente nas notas de Galdino Duprat, que FGO era irmão de JAO e foi casado com Dona Joaquina Eustaquia de Araujo, irmã de Maria da Conceição Araujo Oliveira, ou seja, dois irmãos casados com duas irmãs. Não conhecemos sua descendência.

FGO está relacionado no registro da Igreja de Madre de Deus em Recife, como um dos padrinhos de casamento de Henry & Alexandrina, juntamente com Edward Fox e José Rodrigues Pereira que se casariam posteriormente com duas irmãs de Alexandrina, a Maria Adelaide (foto no final do texto) e a Umbelina - respectivamente.


O pai de Alexandrina - JAO, comerciante em Recife, faleceu aos 43 anos, em 06.set.1837 (São Pedro Gonçalves - Madre de Deus, Livro X, fl 126 V) quando Alexandrina estava com 15 anos e a filha caçula dele - Erminia (que se casaria com Henry Gibson Graves), contava com apenas 2 anos de idade. Provavelmente Henry não conheceu JAO, ou pelo menos, não como sogro. 

Quando ocorreu a morte de Henry, Alexandrina - que de acordo com os costumes e a educação da época provavelmente era despreparada e incapaz de gerir o patrimônio do casal - complexo, indicou seu cunhado Miguel José de Almeida Pernambuco, que era casado com Amália, como testamenteiro executor do espólio de Henry Gibson, seu finado esposo.

Cinco anos após a morte de Henry, falece Alexandrina e Francisco Gomes de Oliveira foi nomeado tutor dos filhos menores de Henry & Alexandrina. Isso reforça a ideia apontada por Galdino Duprat de que FGO era tio de Alexandrina.

Mario Sette em seu livro ARRUAR (pag 85) nos informa que: "Em 1871 faleceu o Agente de Leilões Francisco Gomes de Oliveira e o seu necrológio acentuava-lhe prioridade na classe". 

O casal José Antonio de Oliveira & Maria Conceição d'Araujo, teve 11 filhos, sendo Alexandrina a primogênita. Outra filha, Umbelina Joaquina de Oliveira, casou-se com José Rodrigues Pereira. FGO e a avó Maria da Conceição foram padrinhos de batismo do filho deste casal de nome José, em 1843. A filha Maria Adelaide, casou-se com o comerciante inglês Edward Henry James Fox que posteriormente retornou para a Inglaterra. A filha caçula, Erminia Josephina de Oliveira, casou-se com o inglês Henry Gibson Greaves, sobrinho de nosso Henry. 

Temos contato com Gracy Andrade e Sara Maybury, descendentes respectivamente de Umbelina e Adelaide. Não conhecemos descendência de Erminia. No link O GRANDE ENCONTRO, vocês poderão conhecê-las.

Um dos filhos de JAO, de nome Antonio Jose de Oliveira, nascido em 1828, segundo Duprat, "fugiu para a América e não mais deu notícias". Luciana Fellows informou que descendentes deste filho foram posteriormente localizados e contactados na América.

Um dos filhos varões de JAO & Maria da Conceição, Eduardo Cândido de Oliveira, que foi nascido em 1832, casou-se com Amélia Augusto Pinto de Oliveira, filha de Francisco Antonio de Oliveira - o Barão de Beberibe, detentor de expressiva fortuna e de importante posição social na época. Foi grande proprietário de terras, deputado, dono do Banco Comercial de Pernambuco e um dos fundadores da Junta Comercial do Estado de Pernambuco. O casal Eduardo & Amélia recebeu do Barão de Beberibe, como presente de casamento, uma linda residência, próxima à Mansão Henry Gibson. Nesta casa, funciona hoje o Museu do Estado de Pernambuco e a rua lateral, que surgiu por doação de parte do terreno da Mansão, recebeu o nome de Rua Amélia, em reconhecimento do Poder Público. Um dos filhos do casal, Henrique Candido de Oliveira, casou-se com a sua prima Elvira Magalhães, neta de Henry & Alexandrina. Deste casal descende nossa prima Luciana Fellows.

Segundo anotações de Duprat, JAO & Maria da Conceição tiveram ainda os seguintes filhos: Joaquim (Antonio?) de Oliveira, nascido em 03.jun.1823 e registrado na São Frei Pedro Gonçalves - Catedral da Madre de Deus, na Folha 171 do Livro 19; José (Antonio?) de Oliveira, nascido em 1825 e registrado na mesma Igreja na Folha 58 do Livro 20; Joaquina (Eustaquia?) de Oliveira, também registrada na mesma Igreja em 1827, na Folha 169 do Livro 20; Francisco Gomes de Oliveira Sobrinho, que nasceu em 1830 (São Frei Pedro Gonçalves - Livro 21 - folha 62) e foi funcionário da Alfândega; e, Amália (Rosa?) de Oliveira, nascida em 1835 (São Frei Pedro Gonçalves - Livro 21, folha 28v (?). 

Amália foi casada com Miguel José de Almeida Pernambuco e foi um dos filhos deste casal - o nosso primo José Antonio de Almeida Pernambuco, que convenceu a Câmara de Olinda a tomar o foro (que seria perpétuo) dos nossos terrenos de Beberibe (inclusive o Forno da Cal) e passar o foro para ele.  


Arvore genealógica dos Oliveiras por Galdino Duprat - imagem cedida por Luciana Fellows



Abaixo fotos de D. Maria da Conceição Araujo Oliveira, cedidas pela prima Sara Maybury:

        Maria Conceição Araújo, mãe de Alexandrina




Acreditamos ser Francisco Gomes de Oliveira, tio de Alexandrina.    Foto cedida por Sara Maybury
No verso, apena a identificação; "Oliveira"





Maria Adelaide Oliveira, irmã de Alexandrina, que casou com Edward Fox

                         


     Hellaby Tatty & Evelyn  (Mary Fox)  1905



         Artigo sugerido: O Grande Encontro.

Caso você queira contribuir com nosso trabalho, com outras informações, fotos ou documentos que possam enriquecer esta postagem, pedimos que entre em contato com gustavogibson@gmail.com  Todos agradecemos



Os Oliveiras, cristãos novos: 

A Família Oliveira de origem hebraica, tem uma origem histórica interessante que nos é explicada por Jônatas Ricardo de Oliveira, através de um artigo na Internet e que aqui transcrevo:

“Olá, primo distante!
Meu nome é Jônatas Ricardo de Oliveira, de Araçatuba, Estado de São Paulo, Brasil.
Sou descendente da família Oliveira por parte de meu pai e por parte de minha mãe. Informações sobre a nossa família podem ser encontradas em um livro muito interessante: "Dicionário Sefaradi de Sobrenomes" (escrito em Português) no www.sefer.com.br. Mais informação sobre a família Oliveira é encontrada em www.genebase.com. Segundo a tradição da família, os Oliveiras são uma família levita que primeiro se estabeleceu em Girona, Catalunha, antes da destruição de Jerusalém CE 70. Eles foram originalmente de Ramatayim Tzofim (hoje Rantis, West Bank), cerca de 20 quilômetros ao norte de Jerusalém. Diz-se que pertencem ao clã de Samuel, o profeta, isto é, a família Izharite, levitas. No início, a identificação da família foi Levy. Depois mudou-se em Benveniste. De Girona eles se mudaram para Cavia Oliva, Espanha, e depois para o norte de Portugal. De acordo com dados genealógicos, eles mudaram o sobrenome para OLIVEIRA, porque é um acrônimo, isto é, oLiVeYra (Oliveira) para Levy. Oliveira significa "oliveira" em Português, e Izar (Yitzhar), patriarca da família, filho de Qehat, filho de Levy, filho de Isaac, filho de Abraão, Izar em hebraico significa "azeite puro". O sobrenome Oliveira foi realmente apropriado para lembrá-los de suas raízes. Isto é explicado na seção "artigos" em www.genebase.com. e na literatura demonstrando os dados são mostrados lá. Aqui no Brasil nós não somos judeus, somos cristãos. Existem várias histórias relacionadas com a Inquisição e Oliveiras sendo forçados a se converter ao cristianismo. Embora a maioria dos Oliveiras brasileiros são cristãos, muitos vêm preservando hábitos judeus que provavelmente, aprenderam com os avós. Pelo menos no Brasil, temos a certeza sobre as nossas raízes judaicas.
Espero que você goste investigando suas origens!
Atenciosamente,
Jônatas Ricardo de Oliveira”

Claro, que uma família tão antiga, cuja origem remonta aos tempos bíblicos, tem que estar espalhada por todo o mundo. Vejamos o que diz Cristina d’Souza – da India, sobre os Oliveiras:

Posted by: Christine D'Souza (ID *****8277) Date: August 12, 2011 at 04:38:09
In Reply to: Re: Origin of Oliveira and DeOliveira name
by Jônatas Ricardo de Oliveira

Thank you for the information you've provided. I'm not Brazilian, but India, with Portuguese ancestry. My grandfather's last name was Oliveira D'Sa, and he past that name down to his daughter (my grand mother). I'm wondering what the naming traditions were for the portuguese, did Oliveira come from his mother's side?
There were a lot of Oliveira living in the area he was in (which is today's Multan, Pakistan). I know that was a big jewish community in India, most left when Israel was established, but most converted to Catholicism when the Inquisition came to Goa and other parts of India.


O sobrenome Oliveira é o terceiro sobrenome mais comum no Brasil de hoje.

Família GIBSON


As Origens da Família Gibson

"Quem não conhece suas origens não constrói sua identidade"


Não existe teoria consistente que conteste a idéia de que o sobrenome Gibson é uma contração, e que literalmente signifique filho de Gib. Os principais questionamentos surgem quando se discute a origem do Gib. A possibilidade de que Gib seja derivado do nome Gilbert (seria seu diminutivo) é a mais aceita, a mais difundida, porém, não é a única.


Hipótese Normanda - Gilbert
Em 911, o rei da França cedeu a Rollo, um líder invasor viking, o ducado da Normandia, com o compromisso de que esses Vikings adotassem a identidade de franceses, se convertessem ao cristinanismo e defendessem o país de novos ataques estrangeiros. Rollo aceitou o tratado e se instalou no território que com alguns anos de conquistas e anexações, seria transformado na Normandia. Os vikings se casaram com mulheres francesas e deram uma educação católica a seus filhos. Desse modo, já no ano 1000, os vikings normandos deixavam de ser pagãos para se tornarem normandos cristãos e falantes do francês.


Em 1066, morre o rei Eduardo da Inglaterra que não deixou descendentes, gerando uma crise sucessória. O Conselho elegeu seu cunhado Haroldo como rei e este, durante alguns meses, manteve o exército prevenido contra uma possível invasão normanda. No entanto, de imediato teve de se dirigir ao norte para combater um ataque efetuado pelo próprio irmão - Tostig, que foi derrotado e morto. Logo em seguida à batalha, em setembro, Haroldo recebeu a notícia de que Guilherme, da Normandia, desembarcara no Sussex. Ele, juntamente com os seus guardas pessoais, mobilizaram novas tropas, inexperientes, e se dirigiram ao sul, em marcha forçada, para interpelar os normandos. Haroldo foi morto e o seu exército derrotado.


No dia 25 de dezembro de 1066, Guilherme, "o Conquistador", era coroado rei da Inglaterra na Abadia de Westminster, como William I, dando início a Dinastia Normanda.


Para sedimentar esta conquista, várias familias normandas - nobres ou não, receberam propriedades na Inglaterra, confiscadas dos descontentes e derrotados Saxões. Entre os beneficiados estava a familia Gilbert, que estabeleceu-se na Escócia e no norte da Inglaterra. O mais famoso destes e certamente um dos primeiros, foi Gilbert - the Lord of Galloway. Este sobrenome – Gilbert, originou vários outros sobrenomes ingleses e possivelmente o nosso Gibson.


Texto extraido da Internet, que tenta explicar a origem do nome Gibson:

“GIBSON - Inicialmente encontrados em Galloway, onde a família estabeleceu-se em tempos muito antigos, eram descendentes de um caudilho, de nome Gilbert, tratando-se provavelmente de Gilbert – Lord of Galloway. Os Gibsons se estabeleceram também em Lennox, na Escócia, e naqueles remotos tempos, eram considerados uma força formidável. A primeira menção oficial ao sobrenome foi quando John Gibson entregou o Castelo de Rothesay em 1335. Alguns anos mais tarde (1358), Thomas Gibbeson foi acusado de quebra de condicional e, em 1425 John Gibbessone foi listado como um servo de William Douglas, quando ele foi mantido refém por Henrique VI.”


Na Idade Média as línguas ainda não estavam padronizadas gramaticalmente e os nomes nos documentos daquela época eram escritos com variações ortográficas, de acordo com o entendimento e juízo de quem os escrevia. Isto explica a grafia Gibbeson e Gibbessone, usada acima.


Importante lembrar que esta hipótese – que é a mais aceita, informa que nosso nome evoluiu do Gilbert, para Gibbs (forma diminutiva), e daí para o Gibson atual.


Trazendo estes fatos à luz e caso esta hipótese seja verdadeira em relação ao nosso ramo, não podemos simplesmente afirmar que a família Gibson é de origem inglesa. Não seriamos apenas saxões. Henry Gibson veio da Inglaterra para o Brasil, mas na busca da origem de nossos antepassados, na reconstituição da história de nossa família, obrigatoriamente temos que retroagir não só à Inglaterra, mas também à Normandia e mais ainda, lembrar que os franceses normandos por sua vez eram originários das Terras do Norte, dos fiordes da região que hoje compreende a Noruega, Escandinávia e Dinamarca.


Estes nórdicos, que a história posteriormente denominou de vikings (termo derivado do Fiorde de Vik, o maior deles, e que deu origem à cidade de Oslo), possuíam uma cultura muito desenvolvida para a época. Os Nórdicos detinham conhecimentos sobre a navegação e a construção de navios que só foram superados pelos portugueses, 600 anos depois. O modelo político das sociedades, a administração das cidades, o comércio desenvolvido, a hierarquia familiar, a riqueza de sua mitologia, tudo isso faz do estudo do povo Viking, um ato de deleite para os curiosos, para aqueles que amam a história.


Mas, mesmo considerando que nosso nome tenha se originado de Gilbert , isto não necessariamente nos obriga a termos antepassados franceses.


William Dodgson Bowman, em seu livro The Story of Surnames, publicado em Londres no ano de 1931, nos diz que:


“...apesar de que os colonos franceses na Inglaterra tenham feito de Gilbert um sobrenome popular , sua origem é Inglesa, e ele vem do Anglo Saxão Gilsbeorth”.


Gilbert seria então uma corruptela do nome Gilsbeorth (Gils = refém & beorth = brilhante). Com a Conquista Normanda, este sobrenome Gilbert, já existente na Inglaterra, teria se tornado bastante popular por ter sido largamente adotado por normandos franceses que ocuparam as terras conquistadas. Ou seja, não foi trago por eles.


Lembro aos primos que a adoção de sobrenomes ocorreu com certa freqüência em todo o mundo. Judeus assim o fizeram em Portugal e Espanha (o nosso sobrenome Oliveira, por exemplo, parece ter sido adotado) e aqui mesmo no Brasil, muitos escravos adotaram os sobrenomes de seus senhores quando da libertação deles pela Lei Aurea.


Segunda hipótese: Gibson, um nome Anglo Saxão


Qualquer explicação mais profunda para a origem de nosso sobrenome, obrigatoriamente cita esta outra hipótese, que é freqüentemente lembrada por estudiosos e que tem minha simpatia: seria a palavra Gibbo (velho gato macho) que teria fornecido o Gib inicial do nosso nome.


Shakespeare em sua peça “Eu, Henrique IV”, assim escreveu:


“I am as melancholy as a gib cat”.


E no Romance da Rosa, encontramos o seguinte trecho:


“Gibbe our cat that awaiteth mice and rattes to killen”.


Considero esta segunda hipótese, a mais provável.


Defendendo esta tese, cito o Dictionary of the Landed Gentry, de autoria de John Burke & John Bernard Burke, publicado na Londres de 1848. Neste trabalho os autores nos informam categoricamente que:

“o aparecimento do sobrenome Gibson, remonta aos mais antigos tempos dos Reinos da Inglaterra e da Escócia, sendo encontrado em época anterior à Conquista Normanda, ou seja, no período em que os Anglo Saxões se estabeleceram na Inglaterra, depois da saída dos Romanos no século V.


Na Escócia, nos anos 1300, várias famílias com este sobrenome aparecem como Barões Livres ou como pertencentes à Pequena Nobreza”.


Ainda neste mesmo livro, os autores nos informam que os Gibsons de Lancashire (o livro refere-se aos pertencentes a nobreza rural), originam-se tradicionalmente de escoceses que vieram para Lancaster no tempo de James I, nos anos 1600 e que detiveram a posse de grandes propriedades a partir desta época. E que em diferentes períodos, ocuparam cargos de Sheriffs e estiveram ligados a antigas e distinguidas famílias.


Com certeza os nossos ascendentes de Lancashire não estão relacionados a esta Pequena Nobreza Rural, citada pelos Burkes.

Estas são as duas principais hipóteses para explicar a origem de nosso sobrenome. Da inicial Gib. Outras? Apenas para efeito de registro, cito como uma das possíveis “palavras mãe”: Gilles, palavra gaelica que significa rapaz, servo. No Irlandes antigo, encontramos Gilla – também servo, e que originou a palavra escocesa Gillie, muito usada até hoje e que tem o mesmo significado: servo. Segundo alguns, teriam sido estas palavras que nos forneceram o Gib. Acho que isto pode explicar a origem de outros sobrenomes ingleses tais como Gilchrist (servo de Cristo) ou Gilmour (grande servo), mas não o nosso. No nome Gilbert, temos o B como silaba forte, que sufoca o L, daí o “nickname” Gib. Na palavra Gillie, não encontramos o B nem na grafia, nem na fonética. Se fossemos considerar esta possibilidade, acho que nosso nome teria que ser Gilson.


Outra hipótese, muito pouco lembrada, seria que trata-se de um nome Germânico introduzido na Inglaterra pelos Saxões, após a saída dos Romanos. Esta derrubaria o entendimento do nome formado pela contração: Gib + son. Cito apenas como curiosidade.


Minha conclusão: com certeza o sobrenome Gilbert originou vários outros sobrenomes na Inglaterra. E acredito na hipótese que teria sido adotado (ao invés de trazido) por Normandos, ansiosos para perderem a característica de estrangeiros, de ocupadores - ou melhor, de ursupadores das terras confiscadas aos Saxões derrotados. Isto teria popularizado muito o nome Gilbert e devido a diversidade das línguas, a pronúncia diferente teria gerado varias corruptelas, várias deformações na grafia. Cito: Gib, Gibb, Gibbens, Gibberd, Gibbes, Gibbin, Gibbings, Gibbins, Gibbon, Gibbons, Gibbs, Giblin, Gibney.


Creio que por comodismo de estudiosos mais apressados, a este grande número de sobrenomes que foram gerados a partir de Gilbert, colocaram nesta mesma cesta o sobrenome Gibson. A possibilidade é plausível e se justifica gramaticalmente, fonéticamente e até mesmo geograficamente, pois os Normandos foram para a Escócia e para o norte da Inglaterra, onde temos forte presença da Família Gibson até hoje. Com o advento da Internet, onde os estudos se tornaram mais superficiais e as justificativas mais rápidas, esta possibilidade – na qual o nome Gilbert teria dado origem ao Gibson, ficou ainda mais difundida, e consequentemente mais solidificada, mas na minha opinião, acho que somos mesmo é: filhos de gatos velhos. Esta é a hipótese na qual acredito.


Finalizando e como curiosidade, cito uma pesquisa realizada em 1958 na Escócia destinada a identificar os nomes de família mais usados: o sobrenome Gibson aparece na 65º colocação.


Outra curiosidade: na Bahia tenho como vizinho um inglês nascido em Lancaster e casado com uma brasileira. Em uma conversa, citei o período Normando como sendo uma das explicações do nosso sobrenome. Ao tentar me aprofundar sobre esta época, ele imediatamente contraiu a face e me cortou: “Nós (ingleses) não gostamos de falar sobre este período”. Imediatamente, concordei: “Eu também não gosto, é claro!”

Além da Internet, baseei esta pesquisa nas seguintes fontes:







OS GIBSONS DE GREAT HARWOOD


By Bob Calvert




Bob Calvert é um genealogista e historiador inglês, residente em Lancastershire, cuja família - Calvert, residiu em Great Harwood e relacionou-se com a nossa no passado. Ao ingressar no ARRODGEN GROUP, de GTH, fui direcionado a ele por ser o mesmo um estudioso de nossa família. Recentemente (2011) o Bob escreveu este artigo e o publicou no site do Arrodgen Group. Ao pedir permissão para publica-lo em nosso site, o Bob gentilmente, não só permitiu, como o reescreveu e o tem mantido atualizado para que nós, que não temos a língua inglesa como materna e desconhecedores da geografia e de expressões locais, possamos entender melhor seu trabalho. Ao "dear Bob", os meus agradecimentos pela sua contribuição à história de nossa família e, principalmente, pela amizade que hoje nos une. Vamos ao texto do Bob:


"A história da Família Gibson é centrada em torno da área de Accrington, em Lancashire – Inglaterra, e o melhor é que a iniciemos com o casamento de John Gibson e Ann Bradshaw, na Igreja de Altham em 1744.


Geografia


Para compreendermos a história desta família, faz-se necessário conhecer a região em que eles viveram. Clayton-le-Moors está em Lancashire, no noroeste da Inglaterra e fica situado entre duas aldeias que tinham antigas paróquias – em Great Harwood, a Paróquia da Igreja de São Bartolomeu e em Altham, a Paróquia da Igreja de São James.


As pessoas que moravam em Clayton-le-Moors, podiam ter considerado como se fossem de qualquer das Paróquias, dependendo em qual vila elas moravam e de onde eram os seus ancestrais. Oakenshaw faz parte de Clayton-le-Moors, mas fica apenas a uma curta distancia de Great Harwood. Manchester, fica cerca de 20 milhas ao sul.

JOHN GIBSON & ALICE BRADSHAW JOHN John Gibson e Ann Bradshaw (bisavós de nosso Henry)

John Gibson é descrito nos Registros Paroquiais como um "sapateiro" e também como um "peleteiro" – ou seja, um trabalhador em couro fino. Como mencionado anteriormente, ele se casou com Ann Bradshaw em St. James Church – Altham, em 1744.


John e Ann tiveram três filhos - Cuthbert (nascido em 1744), Henry (em 1747) e John (em 1757), e ao que parece todos nasceram em Clayton-le-Moors.

John morreu em 1784 e foi sobrevivido por sua esposa, Ann, que morreu 20 anos mais tarde, em 1804.
O nome Cuthbert é incomum nesta região, mas, no entanto ocorre com freqüência nos descendentes de John e Ann.
Cuthbert, um dos filhos de John e Ann, se casou com Ellen Calvert em 1764, porém eles não tiveram filhos. Cuthbert deixou um testamento e apesar de ter sido registrado no Lancashire County Records Office, não pôde ser encontrado lá. (Agora Bob já o encontrou e encontra-se a disposição dos interessados no link TESTAMENTOS).
Este Cuthbert parece ser o único que assinou uma petição em 1773 como um dos "principais habitantes da paróquia Harwood, rezando para que como o Rev. Mr. Smith - seu cura, está próximo da morte, que o Vigário nomeie para o curato Mr. Elleray, Cura de Langho, um coadjutor na paróquia por mais de 30 anos”.

Ele também foi uma das testemunhas do testamento de Lawrence Walmesley, em 1765, arrendatário do Hotel Queens. Cuthbert foi mostrado como um "yeoman" (termo usado para os agricultores mais prósperos ou proprietário rural) no registro daquele testamento e considerando também sua presença na petição acima, isto sugere que ele era uma pessoa respeitada. Seu nome aparece com freqüência na "Alehouse Recognisances" de Great Harwood e parece que ele era também hoteleiro.
As duas crianças remanescentes de John e Ann se casaram em Gt Harwood: Henry, nascido em 1747, casou com Margaret Giles em 1772 e John, nascido em 1757, casou com Alice Baron (avós de nosso Henry) em 1779. Ao reconstruirmos a descendência destas duas linhas surgiram alguns contrastes interessantes e a estranheza ocasional.

OS DESCENDENTES DE JOHN GIBSON & ALICE BARON Os descendentes de John Gibson e Alice Baron (avós de nosso Henry)

John Gibson nasceu em Clayton-le- Moors, em 1757, e casou com Alice Baron em 1779. Eles tiveram dois filhos - Henry (1780) e Cuthbert (1782). Alice morreu em 1784 e os Supervisores dos Pobres de Great Harwood expediram uma ordem de remoção para que John e seus dois filhos - Henry (pai de nosso Henry) e Cuthbert, voltassem para Altham (isto ocorria na possibilidade uma família em condições de extrema pobreza e que não era nascida no lugar, vir a necessitar de auxilio da comunidade para sobreviver. Após as Guerras Napoleônicas e pela concorrência de modernas industrias nas cidades vizinhas, GTH sofreu forte recessão. O pique desta recessão ocorreu de 1818 a 1826, quando 260 familias, que representavam mais de 2/3 das familias da cidade, foram registradas como necessitadas de ajuda)..


John acabou por morrer em Accrington, mas foi sepultado em Great Harwood que ele deve ter considerado como sua casa.

Cuthbert, que foi "expulso" para Altham não viveu por muito tempo (na verdade, não sabemos se a remoção ocorreu, pois os Supervisores dos Pobres podem ter expedido a ordem como medida de precaução ou talvez Altham tenha contestado a validade da mesma) - ele morreu com a idade de 8 anos em 1790, época em que seu pai, John, estava de volta a Great Harwood, mas o nome Cuthbert permanece com um certo grau de continuidade na família, o que tem sido útil para reconstruir as famílias.

Seu irmão, Henry (pai de nosso Henry), no entanto saiu-se bem e se tornou um "Clerk House Counting" (funcionário responsável pela escrita da empresa), e em seguida, um "book-keeper" (contador).


Sua primeira esposa, Elizabeth Williamson parece ter morrido no parto em 1803, com sua única filha sobrevivendo apenas por poucas semanas. Ele então se casou com Mary Howarth com quem teve cinco filhos - Ann (1805), Alice (1807), James Howarth (1809), Margaret (Peggy) (1812) e Henry (1814).


Registros de falências mostram que Henry Gibson, Abraham Greaves, John e Mary Deane, foram sócios como “impressores em calico” (calico era um tipo de algodão grosso, que era beneficiado com uma impressão de cores ou desenhos, usando-se um “carimbo” de madeira) na Plantation-Mills (aqui o termo Mills significa fábrica movida por roda dágua), em Accrington, usando o nome “Gibson, Greaves e Co.”


Esta sociedade foi dissolvida em 1820 e Henry e Abraham continuaram o negócio sob o mesmo nome de Plantation-Mills Leasing, juntamente com seis fazendas de John Aspinall, de Reedley House, em Burnley.


A nova sociedade, no entanto, não prosperou e em 1826 "Henry Gibson e Abraham Greaves, da Plantation-Mills, em Accrington, no Condado de Lancaster, Calico-Impressores, Concessionários, Vendedores ambulantes e Colaboradores" foram declarados falidos.


Havia claramente uma relação social, bem como uma relação de negócios entre os Gibsons e os Greaves, pois em 1823, a filha mais velha de Henry, Ann, casou-se com o filho mais velho de Abraham, Greenhalgh (seriam os pais de Henry Gibson Greaves, que também emigrou para Pernambuco e, como o tio – nosso Henry, casou-se com Erminia Josephina de Oliveira, irmã de Alexandrina).


O processo de falência se estendeu por muitos anos com os credores ainda sendo pagos em 1833.
HENRY GIBSON APARECE NO BRASIL
Um dos filhos de Henry e Mary, demonstrou ser mais interessante: Henry Gibson (o nosso Henry) que nasceu em 1814 em Oakenshaw. Ele não aparece no censo de 1841 e para todos os efeitos, parecia que ele provavelmente teria morrido enquanto jovem.


No entanto, ao que parece, Henry foi para a cidade de Recife, no Brasil, em 1832, para comprar algodão para as fábricas de Lancashire, e lá ele fez sua fortuna.


A imagem da Mansão Henry Gibson (assim conhecida ainda hoje), e que foi construída em 1847, nos dá alguma indicação de sua riqueza:




A Companhia que Henry fundou tinha seus próprios navios e fazendas no Brasil, dedicadas principalmente à produção de açúcar, uma atividade que utilizava da mão de obra dos negros escravos.

Sua principal atividade era a importação de produtos têxteis industrializados e a exportação de couro e algodão.


Trata-se sem duvida do Henry correto, pois a família tem seu passaporte o qual mostra a data e o local de seu nascimento. Na sua curta vida (morreu com 48 anos), ele construiu uma grande empresa de importação e exportação e teve 12 filhos.


Henry manteve relações comerciais com “Owens, Owens e Co.” de Manchester e sua correspondência com eles está preservada na Biblioteca John Rylands, em Manchester. Alguns destes papéis nos forneceram uma fascinante visão dos negócios de Henry.


Nesta correspondência, aparece a sociedade de Henry na “George Kenworthy e Co”, e quando essa empresa foi liquidada em 1843, ele então continuou o negócio por conta própria.


Henry e George Kenworthy estavam operando uma "conta conjunta" com Mr. Rushton, da Tib Street - Manchester, com Rushton fornecendo o capital e Gibson & Kenworthy atuando como agentes locais no Brasil para receber e comercializar as mercadorias importadas da Inglaterra para o Brasil. Os três dividiam os lucros após deduzidas as despesas.
Em seu contato inicial com Owen Owens, ele diz:
"Os artigos que eu atualmente recomendo a sua atenção, são maddapollams, (um pano de algodão com acabamento especial para garantir a suavidade, semelhante a chita e a musselina) shirtings, (este material inclui camisas de casimira, jacquard, jersey, madras, bem como de fios de rayon, seda e acetato), domestic ordinarys (pano comum) e latteens (travessas de latão) - que nunca são invendáveis ​​e eu acho que é mais prudente que comecemos com eles".

Ele então passa a descrever a maneira pela qual as mercadorias devem ser marcadas:

"... Tanto os madds como os shirtings devem ser carimbados com um galo de briga azul, com uma listra única vermelha debaixo do galo e estampada em letras garrafais, em negrito: Henry Gibson."

Esta parece ter sido a sua marca registrada. Claro que este é apenas um instantâneo de sua correspondência com uma única empresa e representa apenas a importação para o Brasil - um lado de seu negócio.


Recife é um porto no Estado de Pernambuco, situado cerca de 2400 quilômetros ao norte do Rio de Janeiro, e que teria sido o lugar óbvio para implantação de uma empresa de importação e exportação a ser estabelecida no Brasil.

Pernambuco já vinha exportando algodão de alta qualidade para a Inglaterra desde 1781 e foi um importante porto exportador de algodão cru no Brasil. Isto sugere que o interesse inicial de Henry no Brasil, foi a compra de algodão para exportação, em vez do comércio de importação.
Inicialmente tivemos dificuldade para entender como Henry foi para o Brasil, contudo trabalhos posteriores mostraram que um seu tio - Adam Haworth (irmão de sua mãe) construiu uma fortuna em Valparaiso (Chile) e no Brasil. A firma de Adam em Pernambuco foi dissolvida em 1824 e ele voltou para casa tornando-se um Ministro na New Jerusalem Church. Durante algum tempo, antes de 1837, ele morou em Accrington e as irmãs de Henry atuaram como suas "donas de casa". Parece que foi a influencia de Adam que motivou Henry a fazer sua fortuna na América do Sul.

Em seu livro "John Owens, Manchester Merchant", Brian Clapp assim definia os representantes além mar:



"Eram jovens, ambiciosos e sem um tostão, que suportavam o calor e a umidade, as doenças e a solidão de viver em uma terra estranha, longe de casa. Assim que estes exilados faziam algum dinheiro e adquiriam alguma experiência útil, retornavam à Inglaterra para fazer negócios - a partir do conforto de um armazém em Liverpool ou Manchester. O agente no exterior foi muitas vezes um membro júnior de uma Casa de Liverpool e como sua posição na empresa melhorava com os anos de experiência, assim também aumentava a sua chance de retornar para a Inglaterra. Eles não precisavam de grande riqueza para adquirir bens no comércio de Liverpool para abastecer os mercados do mundo ...."


A estrutura do comércio de algodão naquela época é dada em resumo pelo seguinte extrato de Edward Baines:


"História da produção de algodão da Grã-Bretanha", (1835):
"O algodão é vendido em Liverpool por corretores, que são contratados pelos importadores e que cobram a comissão de 10s. (dez shilings) por cada £ 100 (cem libras) para negociar um bom preço e vendê-lo. Os compradores, que são os negociantes de algodão de Manchester, e os comerciantes de peles de todo o país, também empregam corretores, com a mesma taxa de comissão, para fazerem suas compras”.
Henry casou com Alexandrina Rosa D'Oliveira na Capela Britânica do Recife em 1842 e tiveram 12 filhos (José, Henry Oliver, Alfred, Mary, George, Amélia, Charles, Francis, Alexandrina, Eliza, Margaret e Alice) .


Outra tradição oral da família (dos Gibsons do Brasil), é que o irmão de Henry, James Howarth Gibson, emigrou para os EUA também para comprar algodão – mas no entanto, se ele fez isso, foi apenas por um curto período, pois ele aparece no Reino Unido nos censos de 1841 e 1851, vivendo com seus pais - inicialmente como um guarda-livros, e em seguida, como um estampador de tecidos.


Ele poderia, é claro, ter ido e retornado antes de 1841, pois era cinco anos mais velho do que Henry.


James desaparece nos registros seguintes referentes a morte de seus pais - em 1854 e 1855 e, apesar do registro de um James H. Gibson com a mesma idade, poder ser encontrado em 1880 no Censo dos EUA , fica claro a partir dos registros de naturalização que ele não é o James Howarth Gibson de Clayton-le-Moors.

Adam Haworth (acima mencionado) escreveu um testamento em 1837 e deixou dinheiro para todos os filhos de sua irmã Mary, exceto James Haworth Gibson. Não está claro a razão porque ele o deixou fora, já que ele morava com seus pais até 1851 (Henry morreu em 1854 e Mary em 1855), portanto ele estava vivo quando Adam escreveu o Testamento.

Irmã de Henry - Ann Gibson

Como mencionado anteriormente, Ann casou com Greenhalgh Greaves em Altham, no ano de 1823. Eles tiveram sete filhos e em 1841, a família vivia em Manchester com o pai, Greenhalgh, que trabalhava como "designer padrão". Em 1844, Lucretia (a segunda filha recebeu esse nome), morreu de "inflamação dos pulmões" - ela foi enterrada em Accrington, como também sua mãe, Ann, que morreu dois dias depois de "apoplexia". No ano seguinte Greenhalgh morreu de Tuberculose Pulmonar, enquanto vivia em Cheetham Hill – Manchester, também tendo sido sepultado na Christ Church, em Accrington.

Duas das crianças restantes - Henry Gibson Greaves e Mary Greaves, em seguida, passaram a viver em Accrington, com seus avós maternos - Henry Gibson e Mary, que morreram em 1854 e 1855.


Henry Gibson Greaves foi mais tarde para o Brasil, trabalhou no comércio e se casou em 1871, no Consulado Britânico do Recife, com Herminia Josephina d'Oliveira. Neste certificado de casamento o pai de Herminia é nomeado como Jose Antonio d'Oliveira, um comerciante (falecido), o que combina com o pai da Alexandrina, a esposa de Henry Gibson.


Descendentes de Henry Gibson e Margaret Giles (tio-bisavós de nosso Henry)



Henry, nascido em 1747, filho de John Gibson e Ann Bradshaw, casou com Margaret Giles em 1772 na Igreja de St. Bartholomews, em Great Harwood.

Henry e Margaret tiveram três filhos - Cuthbert, John e Thomas e quatro filhas - Mary, as gêmeas Ann e Jane, ambas as quais morreram enquanto jovens, e Ann.

Nada de interessante pôde ser descoberto sobre Cuthbert.

Thomas tornou-se sacristão na Igreja de St Bartholomews - como fez também seu filho James; um outro filho de Henry e Margaret, John, casou com Margaret Ashworth em Great Harwood em 1798 e alguns dos seus filhos aparecem em histórias que vale a pena contar; na verdade, foi sua neta Alice Gibson, que casou com Daniel Calvert, que desencadeou meu interesse na família Gibson.


Em seu artigo original para o Arrodgen Group, Bob cita o seguinte fato:

“Os dois foram vizinhos e em 1841, Daniel deixou a casa da família e foi trabalhar como mineiro de carvão em Eaves Habergham em 1851. Um dos seus filhos, Benjamin, foi o tema da reportagem de jornal a seguir:

Preston Guardian, 26 de novembro de 1864
"Nesta quarta-feira, perante os magistrados da Comarca de Blackburn, Benjamin Calvert se declarou culpado de roubar dois meio-soberanos pertencentes a Thomas Gibson, de Great Harwood, seu avô. O prisioneiro pegou o dinheiro em questão de uma bacia, na parte superior do pote da prateleira. O prisioneiro foi condenado a receber doze badaladas de vara pelas mãos de Robinson PC e depois ser liberado."
Outros jornais mostram que Benjamin foi um pouco de tearaway (operário da indústria têxtil especializado em manuseio de tear) e teve alguns outros encontros com as forças locais da lei.

Dois filhos de John e Margaret, Henry, nascido em 1802, e Robinson, nascido em 1820 tornaram-se barqueiros do Canal de Leeds, em Liverpool.
Este Henry claramente queria confundir mais tarde os historiadores de sua família, pois ele conseguiu ser enumerado por duas vezes no censo de 1841 - uma vez com sua esposa em St Cleaver, Blackburn, onde ele é mostrado como um "trabalhador de estribaria" e novamente com seu irmão Robinson e dois outros barqueiros em Gargrave, em Yorkshire.
Henry se casou três vezes, sendo que os dois últimos casamentos foram com viúvas que já tinham seus próprios filhos, e portanto, ele acumulou nove filhos e quatro enteados durante sua vida.

Robinson saiu do trabalho de barqueiro nos Canais e foi para a Estrada de Ferro, onde ele começou como Porteiro e chegou a Inspetor Ferroviário. Três de seus filhos que sobreviveram até a idade adulta, também passaram a trabalhar na Estrada de Ferro e parece que ele fundou uma dinastia de empregados ferroviários.

Um dos irmãos de Henry e Robinson, chamava-se Jonathan Gibson. Inicialmente, ele foi tão discreto como o seu batismo em 1806 - que não está na transcrição dos Registros Paroquiais de Great Harwood, Lancashire. Ele aparece nos censos de Ashton-under-Lyne como nascido em Gt. Harwood e, eventualmente, foi localizado nas Transcrições dos Bispos mostrando que ele era o filho de JNO. e Margt. Gibson de Harwood.

Há uma reportagem de jornal (Northern Star etc., de 10 de setembro de 1842) que pode explicar por que Jonathan se mudou de Blackburn para Manchester.

Em 1842 houve uma reunião em Blackburn a respeito de uma greve, e em seguida Jonathan Gibson, Secretário da Associação Cartista e George Wilson, tecelão, foram presos e a polícia "saqueou" a casa de Jonathan procurando uma prova contra os cartistas. Ele foi removido para a Casa de Correção Preston por mais de uma semana, até que nenhuma acusação mais se poderia fazer contra ele. "Durante seu confinamento, Gibson foi repetidamente convidado a se levantar e caminhar pela sala, para expor-se aos vários policiais e agentes especiais, que foram regularmente procurar saber que tipo de animal este Secretário Cartista era. Os magistrados alertaram várias pessoas ligadas a Gibson, para cientificá-los de que ele era um cartista ".

Após este tratamento, podemos entender por que alguém iria querer sair da região.

Nota: O cartismo (1837 a 1848), foi um movimento inglês defensor dos direitos humanos e considerado como precursor dos Sindicatos e Cooperativas, e que fazia as seguintes exigências:

§ Direito de todos os homens ao voto;
§ Voto secreto através de cédula;
§ Eleição anual;
§ Participação de operários no parlamento;
§ Remuneração dos parlamentares;
§ Limitação de oito horas para a jornada de trabalho;
§ Regulamentação do trabalho feminino
§ Extinção do trabalho infantil
§ Folga semanal;
§ Salário mínimo.

Há um Jonathan Gibson nos registros dos associados da Chartist Land Company , de Stalybridge (perto de Ashton-under-Lyne), em 1848, que foi um lugar onde o "nosso" Jonathan viveu na década de 1840. Parece que Ashton-under-Lyne foi um reduto do cartismo em torno da década de 1840 até o ponto onde eles formaram uma "Guarda Nacional" e um policial foi assassinado ali em 1848 durante uma incursão.
Talvez tenha sido pela conexão cartista, que Jonathan (se era o mesmo que foi Secretário dos Cartistas de Blackburn) escolheu para se mudar para lá.
Tem-se revelado impossível localizar Jonathan no censo de 1851, provavelmente porque muitos dos registros do Censo de 1851 da região de Manchester foram danificados em inundações ocorridas no Public Record Office e não estavam filmados. Um projeto de recuperação, que levou 14 anos, resultou em 82% dos dados recuperados, isto num universo de 217.717 pessoas que os estatísticos esperavam recuperar. Pode ser que os Gibsons estejam perdidos nesse lote, já que Ashton-u-Lyne foi uma das áreas afetadas.
Outro filho de Henry Gibson (o barqueiro) - John Gibson, nascido em 1825, tornou-se um comerciante bem sucedido no Mercado do Chá, em Blackburn. Seu filho mais velho, Henry, aparece como herdeiro do negócio após a morte do pai, mas não foi tão bem sucedido assim. Mudou-se para Bolton por volta de 1900 onde se tornou ajudante de mercearia.
Este John Gibson às vezes é confundido com um outro John Gibson que nasceu em 1826, neto de John Gibson e Margaret Ashworth, através de seu filho mais velho (outro John) e de Jane Duckworth.
Nós aprendemos com o testamento de Daniel, outro filho de John & Jane, que seu irmão John, nascido em 1826, estava morando em Camden, Nova Jersey - EUA e que ele demonstrou não querer herdar nada com a morte de Daniel , pois teria que voltar para a Inglaterra. (Daniel deu-lhe 12 meses de prazo para voltar para casa e reivindicar em pessoa sua herança, de outra maneira tudo iria para os seus tios). O testamento deixa claro que o retorno de John era improvável. Foi o primo do John, não o irmão do John, que foi o executor do testamento de Daniel e um dos beneficiários juntamente com os tios de Daniel.

Antepassados ​​de John Gibson

Para completarmos o quadro, precisamos remontar a família de John Gibson e Ann Bradshaw que casaram em 1744.

Sem registro que mostre a idade do John em qualquer época, precisamos examinar a data do nascimento de sua esposa, Ann Bradshaw.
Trabalhando baseados de que ela era a Ann Gibson sepultada em Great Harwood, em 1804, aos 88 anos, isto coloca a data de seu nascimento em torno de 1716.
Haviam dois John Gibsons nascidos em torno de um tempo semelhante - John Gibson, nascido em 1717, filho de William Gibson e de Grace Hindle e um outro John Gibson, nascido em 1721, filho de Cuthbert Gibson e de Mary Robinson.
Ambos os casais casaram em Padiham (cerca de três milhas de Altham) e os dois Johns foram batizados em Burnley. Cuthbert e William eram irmãos, nascidos de Cuthbert Gibson e sua esposa Elizabeth.
Revelou-se então ser impossível termos a certeza, a qual das famílias que o John que foi casado com Ann Bradshaw pertencia, mas no entanto, o certo é que deles tinham os mesmos avós - Cuthbert & Elizabeth.


É mais provável que John fosse o filho de Mary & Cuthbert, dado o número de vezes que o nome Cuthbert ocorre em descendentes de John, juntamente com este John, Henry tinha um irmão, um nome que também aparece em seus descendentes (baseados nesta informação e por orientação do Bob, achamos por bem alterar a arvore genealógica que foi escrita por mim e por Luis Milet, meu tio, em 1980).

A família de William e Grace (trisavós de nosso Henry) são difíceis de rastrear pois William, um Skinner (sapateiro ou peleteiro), morreu com a idade de 35 anos, encarcerado numa prisão em Lancaster por causa de dívidas (a prisão de William ocorreu em Lancaster Castle, um castelo que remonta ao século 13 e que só deixou de ser usado como prisão em 2011). Nesta época, o seu filho John tinha apenas 12 anos de idade.
O nome Cuthbert na família Gibson, parece dever suas origens em North Yorkshire / County Durham - Cuthbert & Elizabeth viveram em Barningham, perto de Barnard Castle até por volta de 1697 (os três primeiros filhos Ann, William e Cuthbert nasceram lá) quando então se mudaram para a área de Burnley onde completaram a sua família com mais três filhos: John, Elizabeth e Grace.
O nome Cuthbert é fortemente associado com County Durham, onde St Cuthbert está enterrado na Catedral. (Foi um dos mais importantes santos da Idade Média, ermitão, saiu da caverna onde construiu sua cela para ser bispo. Realizava curas.) 


Agradecimentos
Gostaria de agradecer aos meus colegas pesquisadores na Gibsons - Gustavo Gibson do Brasil e Sonia Spencer de Burnley, pela ajuda na análise desta família.
©2011 Bob Calvert
Nota: novamente citando o artigo original feito para o Arrodgen Group de Gt. Harwood, Bob ao conclui-lo, faz o seguinte comentário:
A história da família Gibson é realmente repleta de altos e baixos - com castigos físicos, com uma ida para prisão como devedor, por perseguição pelos Capatazes dos Pobres, por uma posição respeitada na comunidade, por um emprego estável como Contador, o sucesso de um emigrante como comerciante, e o encarceramento possível para um agitador político. Todos estes aparecem em algum momento.”
E informa: “Minha pesquisa sobre os Gibsons (o trabalho de Bob foca apenas os ingleses) está totalmente documentada na Árvore da Família consolidada no Website: extra.bccy.org.uk“, que eu, Gustavo, recomendo.

De todos que em algum momento pesquisaram nossa família, Bob foi o único que conseguiu inserir os Gibsons na sociedade da época, na história. Ele mostrou a nossa família atuando como atores dentro do cenário da Revolução Industrial Inglesa, que juntamente com a Revolução Francesa e a Independência Americana, determinou a passagem da Idade Moderna para a Idade Contemporânea.

Considero o feito do Bob - desinteressado e altruísta, ao estudar nossa família, muito mais importante que descobrir o nome de um ou de outro antepassado. Os fatos por ele narrados são fundamentados em documentos, ao contrário de nós, que nos baseamos muito na tradição oral da família.

Ao Bob – genealogista e historiador, meu reconhecimento, minha gratidão e sobretudo, meu respeito.