Eliza Gibson


Nascida na casa de Ponte d’Uchoa em 23 de dezembro de 1856, Eliza ficou órfã aos 6 anos de idade. 


Casou com Bento José da Silva Magalhães tendo o casal deixado os nove filhos a seguir nominados: Bento, Eduardo, Àlvaro, Elvira, Maria Evangelina, Palmira, Fernando, Arnaldo e Laura.


Houve resistência da familia ao casamento sob a alegação de que Bento seria pobre. Segundo me informou Luciana Fellows, da mesma forma que Alice & Theodomiro Valois, esta filha do Henry também teria fugido para casar-se. Consumada a fuga, não cabia mais oposição, porém a família impôs um trato pré-nupcial na qual Eliza, individualmente, seria responsável pela administração de seu patrimônio. Algo que corresponderia hoje a um casamento com separação total de bens. A informação da fuga foi contestada por Altair Almeida Magalhães (a Tatá), filha de Alvaro - neta de Alice & Bento, que me afirmou nunca ter escutado a versão da fuga. Fica portanto registradas as duas versões. Já a questão do contrato pre-nupcial, na qual Eliza seria administradora de seus próprios bens, temos notícia que o referido contrato foi "celebrado no Cartório do tabeliam Maranhão Sobrinho".

O Jornal do Recife de 21 de janeiro de 1874, traz em Primeira Denunciação os proclamas do casamento de Bento com Elisa.

Mas, se ocorreu resistência ao casamento, o tempo demonstrou ser Bento um sério e excelente administrador tendo multiplicado a herança recebida por Eliza, e ainda segundo Luciana Fellows, tendo prestado por diversas vezes socorro financeiro a seus cunhados, quando solicitado.

Nossa prima Sara Maybury (em 20.out.2011) nos informa da seguinte notícia:

CALENDAR OF WILLS

MAGALHAES Eliza Gibson of Rua Bernardo Vieira de Mello,1065 - Pernambuco, Brazil widow died 5 August 1926 Administration London 15 August to Eduardo Magalhaes ranch proprietor. Effects£582 15s. in England.

TRADUÇÃO:

CALENDÁRIO DE TESTAMENTOS

Eliza Gibson MAGALHAES da Rua Bernardo Vieira de Mello, 1065, viúva, Pernambuco, Brasil morreu em 05 de agosto de 1926 - Administration Londres, em 15 de Agosto-Eduardo Magalhães, proprietário rural. Impostos £582 15s. na Inglaterra.

Esta informação de que Eliza - já viúva, poderia ter deixado bens na Inglaterra e que seu filho Eduardo teria pago impostos ao governo inglês, surpreendeu seus descendentes, que a contestaram. Não conseguimos entender esta notícia: porquê o falecimento de Eliza foi noticiado na Imprensa Britânica? Porquê Eduardo foi citado? E porquê impostos foram cobrados?

Eduardo foi o pai de Bento Magalhães Neto, a quem mamãe (Virginia Gibson) carinhosamente chamava de Bentinho, e que foi meu professor na Faculdade de Ciências Médicas de Pernambuco.

Um dos filhos de Eliza, o Coronel Bento Magalhães Filho, foi um dos mais respeitados homens do turfe pernambucano e por diversas vezes ocupou a presidência do Jockey Clube de Pernambuco sendo que da ultima vez, já contava com a idade de 80 anos. Nesta época, já era o Jockey, o clube da elite pernambucana, que sempre aos domingos ali comparecia para apreciar as corridas de turfe. Sempre que o Jockey enfrentava dificuldades era na pessoa de Bento Magalhães Filho, um dos mais prósperos comerciantes do Recife, que se encontrava o socorro necessário. Para homenagea-lo, foi merecidamente criado o Grande Prêmio Bento Magalhães, disputado pela primeira vez no dia dia 25 de outubro de 1964. Até hoje é considerada a maior e mais importante prova do turfe nordestino.

Bento Magalhães Filho foi também um dos fundadores do Clube de Regatas Náutico Capibaribe, em 1901. Inicialmente criado com o objetivo da prática do esporte de remo, hábito bastante inglês e elitista, e que era desenvolvido nas águas até então não poluídas do rio Capibaribe, teve como seus primeiros atletas os próprios Magalhães: Eduardo, Álvaro e o neto Baby Ledebour. 

Lembro-me das disputas do Náutico com o seu principal adversário, o Clube de Remo Barroso. As pessoas ficavam nas pontes Duarte Coelho e Nova acompanhando a disputa e torcendo pela sua equipe de preferência. Pena que este esporte não seja mais praticado no Recife. O Capibaribe ficava lindo com aqueles barcos finos, compridos e rápidos cortando suas águas e a cidade em festa, cheia de "moças bonitas e casadouras", elegantes, que vinham acompanhar as regatas.  Eram dias importantes no Recife e com muito "glamour".

Quando adolescente ensaiei uma tentativa de ser remador. Procurei a marina de uma das equipes que ficava na Rua da Aurora (acho que o Barroso) e fui atendido pelo porteiro. Informou-me  que eu ainda não tinha idade para integrar a equipe, e fez a seguinte observação: "Meu filho, se voce ver o tamanho desses homens, até assusta!". Em outras palavras: cai fora, moleque! Foi um grande argumento. Desisti.

Posteriormente o Náutico formou seu time de futebol e na sua primeira disputa, contra o Sport, saiu-se vitorioso, tendo contado com Baby Lebedour como um de seus principais jogadores. O Baby Lebedour era sobrinho de Bento Filho e neto de Bento & Elisa. Até hoje uma disputa entre o Nautico e o Sport é considerado como o clássico dos clássicos do futebol Pernambucano, sendo que este primeiro jogo, até hoje, é comentado pela imprensa especializada do Estado.

É portanto, indiscutivel a enorme contribuição que os filhos de Bento e Eliza deram à história do esporte em Pernambuco.  

Socialmente, marcaram época. Seja no Jóquei Clube, no Náutico ou no Clube Internacional do Recife (que também foram fundadores), os filhos de Bento e Eliza - dandis, eram referências na sociedade recifense da época.

Esta vocação dos Gibson Magalhães para os esportes e para a vida social, com certeza foi herdada de Bento. Outra característica dos Gibson Magalhães é a longevidade que alcançam. Longevos e produtivos até o final. 

Agradecemos a Luciana Fellows, a Altair (Tatá), a Yvone Cavalcanti, a Antonio Fernando e a Antonio José pelas imagens e informações aqui postadas.

Continuamos aguardando outras contribuições dos demais Gibson Magalhães, para corrigirmos eventuais erros ou omissões e para que possamos dar continuidade as informações aqui contidas'.

Dispomos das fotos dos documentos que relatam o Formal de Partilha da parte que coube a Elisa no inventário do pai - Henry Gibson, assim como do Inventário da própria Elisa. Coloco à disposição dos interessados.


GALERIA  DE  FOTOS

Bento Magalhães Filho


 Hermann Bento Magalhães Ledebour, o Baby Ledebour



Eduardo & Antonieta


Augusto Frederico de Oliveira



Familia Oliveira Magalhães

Bento, Elisa e descendentes


Amélia Oliveira


Laura Magalhães e Romeu Medeiros


Palmira Magalhães



 "Santinho" da morte de Elisa - frente


 Bento Magalhães Filho


Elisa Gibson Magalhães



 Altair Magalhães Almeida, a Tatá,  (neta de Elisa & Bento)


 Altair com a neta Mariana Almeida Rogers

 Eliza & Carlos

Familia Gibson Magalhães

Ao centro, a matriarca Altair Magalhães de Almeida (Tatá) com seus filhos e enteados. Da esquerda para a Direita, vemos:  Nivaldo Braz de Almeida Filho (enteado), Frederico Magalhães de Almeida (filho), ALTAIR, Elizabeth Magalhães de Almeida (filha), Rita de Cassia de Almeida Dalle (enteada), Ana Tereza de Almeida Santana (filha), Sérgio Magalhães de Almeida (filho). Atrás da Altair, está Andrea Magalhães de Almeida (filha).


Equipe do Remo do Clube Nautico Capibaribe. Técnico: Bento Magalhães Filho, ao centro. Na foto, presença de Hermann Ledebour, Álvaro e Eduardo Magalhães.
 Amélia e Martha Oliveira.    Em Martha reconheço traços fisionomônicos fortes de Alexandrina e de minhas primas Gibson.  Em Amélia, traços dos Gibson Valois.          Conclusão:  "Sangue não vira água"

Os primos: Henrique Cândido de Oliveira & Elisa Magalhães. Henrique foi sobrinho de Alexandrina e Elvira, neta.   Mais um casamento entre primos na familia.



Bento Hermann Magalhães Ledebour (Bentinho)


Casa do Campo Grande nos dias atuais 2


Cecilia Ledebour, falecida infante

Casamento de Hermann Bento Ledebour e Maria Angelina

Na casa de Campo Grande, da Esquerda para Direita, Luís Alberto Ledebour Filho, Isabel Ledebour, Carlos Henrique Ledebour Locio e nos braços de Isabel, Clara Ledebour ( filha de Luís Alberto Filho)

Casamento de Maria Elisa Ledebour Jordão com Armando Jordão

Família de Hermann Adolpho Ledebour e Maria Evangelina Magalhães 

Maria Evangelina Magalhães Ledebour

Na casa  de Campo Grande onde moraram Hermann Ledebour e Maria Evangelina. Na foto estão o Baby, Lúcia, Maria Elisa, Lilian e Bento Hermann.  Carnaval.

Lúcia Ledebour, Maria Lúcia Ledebour de Oliveira e Angelina Ledebour


Casa do Campo Grande nos dias atuais 1



Da esquerda para a direita, Lilian Ledebour, Lúcia Ledebour e Elisa Cairoli.


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Margaret Gibson





Nasceu ela na casa de Ponte d’Uchoa em 18 de abril de 1858, tendo ficado órfã aos 4 anosde idade. Recebeu o nome em homenagem a uma das irmãs de Henry.


Não casou-se, permanecendo solteira

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Henry Oliver Gibson


Foi o primeiro (na realidade o primeiro filho foi José mas como ele faleceu com 08 anos de idade, Henry Oliver assumiu a primogenitura) dos filhos de Henry & Alexandrina, tendo nascido na residência da Madalena em 24 de junho de 1844, quando seu pai já era reconhecido como um grande comerciante. Foi batizado na Igreja Anglicana do Recife.

Foi Coronel da Guarda Nacional.

Casou-se ele aos 24 anos de idade com Teresa de Pinho Borges, em 11 de abril de 1868, deixando o casal 09 filhos: Alexandrina, Henrique Neto, Adolpho, Alberto, Oscar, Adelia (casou com Theodomiro Valois), Corina (casou com Eurico Valois), Olga e Hélia (também casou com seu primo irmão Edgar Nascimento Valois).

Como vimos, três filhas de Henry Oliver, casaram-se com seus primos, filhos de Alice Gibson e Theodomiro Valois.

Teresa era filha de Luis de Pinho Borges e de D. Ana Pinho Borges. Homônima de uma das filhas do Barão de Pinho Borges, a esposa de Henry Oliver foi errôneamente citada em trabalhos anteriores, como sendo filha do Barão de Pinho Borges. O engano foi corrigido pela genealogista portuguesa Maria-João Craigie, a qual agradecemos. Vide o texto:



Caro Gustavo:

Estando a verificar contra documentos, como sempre faço, o meu texto sobre os Soares Brandão de Pernambuco, acabo de localizar um importante erro de identificação proveniente da sua base de dados, que me apresso a corrigir, para que o Gustavo possa fazer o mesmo no seu website sobre a família Gibson:

Ao consultar online através de FamilySearch o assento de casamento de Henrique Gibson com D. Teresa de Pinho Borges, verifiquei pelo teor do mesmo que esta senhora não é filha do Barão Francisco de Pinho Borges e de D. Tomásia Firmina Soares Brandão, mas sim de Luís de Pinho Borges e de D. Ana.  Trata-se, pois, de duas senhoras homónimas, mas filhas de pais diferentes.

Para que possa verificar por si próprio, eis o link (o assento em questão é o quinto da folha do lado esquerdo):

  
Quanto às outras informações sobre este casal, estão correctas, pelo que vão transcritas adiante, para que o Gustavo possa fazer delas o uso que entender no seu website, já que, como é evidente, foram eliminadas do meu livro sobre os Soares Brandão de Pernambuco, mas continuam a ter interesse para si.

Abraços,

Maria-João



Teresa foi casada em segundas núpcias com Manuel Xavier Carneiro da Cunha Filho, agricultor e proprietário, sem deixar geração neste casamento. Faleceu em 04/set/1923 em sua casa na Rua Barão de São Borja, Boa Vista - Recife e foi sepultada no Cemitério de Santo Amaro.

Henry Oliver foi um grande patriarca. A família gostava de dizer que Henry Oliver teria povoado Beberibe. Junto com outros irmãos, ele era proprietário por herança, do Engenho Beberibe, onde residia. (Trata-se de um antigo Engenho de Açúcar que no século XVII pertenceu a Diogo Gonçalves, auditor da Capitania de Pernambuco. Essa propriedade era banhada pelo Rio Beberibe, que lhe deu o nome. Em 1636, a propriedade passou para Antonio de Sá, sendo depois confiscada pelos holandeses. Posteriormente foi restituída a seus herdeiros. Em 1767 foi concluída a construção de uma igreja sob a invocação de Nossa Senhora da Conceição do Beberibe. A localidade foi palco de combates na revolução de 1821, onde foi decretada a independência de Pernambuco. Ali foi assinada a chamada Convenção do Beberibe, e também foi palco de combates na Revolução Praieira, em 1848. Já como povoado, foi lá que em 1889, fundou-se o Clube Carnavalesco Misto Vassourinhas, como também foi composta em 1909, a canção Vassourinhas por seus moradores Joana Batista e Teodoro Matias, este último um dos fundadores do grupo carnavalesco)Também era referido como sendo um dos proprietários do Forno da Cal. 

Sensível aos encantos femininos manteve vários outros relacionamentos, extra-conjugais e conseqüentemente surgiram mais filhos, que eram reconhecidos e devidamente registrados com o sobrenome Gibson, os quais tinham direito.

A tradição oral da familia informa que certa ocasião Thereza Eugênia foi queixar-se a sua sogra,  Alexandrina, sobre a vida boêmia que Henry Oliver - ainda récem casado, já estava levando. Ela dirigiu-se ao Casarão do Engenho Beberibe e aguardou a chegada do filho, o que normalmente ocorria de madrugada.  Henry Oliver foi então recebido a vassouradas por Alexandrina, que tinha se escondido atrás da porta para recepcioná-lo de surpresa. Mas, esta intervenção não solucionou a questão e nas demais vezes que Teresa se queixava, Alexandrina se limitava a dizer: "Ah, estes ingleses!"

Parece ter tido com Francisca de Souza, uma descendente dos índios Fulni-ô de Aguas Belas - PE, o relacionamento mais estável e prolongado de todos, morando ela e os filhos também no Engenho Beberibe. Com Francisca teve 05 filhos: Eduardo, Cilino, Nestor, Laura e Nina. De uma das filhas do casal, Laura Gibson, conhecemos 6 filhos:  Walter, Odaci, Benedito, Laura, Mauro e Antonio José.

Consta que os jogos de cartas (baralho) era outra de suas paixões, e que parte considerável da fortuna da família esvaiu-se deste modo, pelas mãos de Henry Oliver. Minha avó Beatriz Xavier Gibson - filha de Francis, tinha ojeriza a qualquer tipo de jogo, principalmente baralho. Até mesmo os jogos inocentes eram por ela proibidos a seus descendentes e os seus filhos que gostavam de baralho - mesmo em jogos sem apostas, o faziam escondido, em respeito a ela. Meus pais, que jogavam Buraco habitualmente, sempre tinham baralho em casa e lembro-me de mamãe o escondendo quando vovó nos visitava.

Como bom inglês, gostava também de corridas e tinha cavalos no Turfe pernambucano.

No Jornal do Recife de 15 de julho de 1874, Henry Oliver está relacionado em edital judiciário, como credor da massa falida de João Baptista de Gonçalves Bastos.

No mesmo jornal, na data de 26 de maio de 1876, Henry Oliver aparece como credor da massa falida de "Magalhães e Irmãos".

Gostava de política e apesar de não ter ocupado ou disputado nenhum cargo eletivo, parece ter sido atuante.  No número 68 do jornal A Província, publicado em 18/março/1890, sob o título Reunião Política em Olinda - na pagina 2, encontramos o seguinte texto:  "Os abaixo assinados convidam a todos os cidadãos residentes na Comarca de Olinda para, as 7 horas da noite de 20 do corrente no theatrinho da mesma cidade, deliberarem sobre a criação de uma associação politica, de conformidade com as cláusulas em seguida publicadas, ou outras que melhormente forem assentadas". Sete pessoas assinam o convite, entre elas Henry Gibson, como gostava de ser chamado.

Parece-me que estas associações faziam antigamente o papel que hoje corresponde aos partidos políticos, que ainda não existiam. Eles apresentavam à população uma "chapa" de candidatos a cargos eletivos que disputavam uma eleição. 

Foi o patriarca dos “Gibsons de Beberibe”, que preservam o nosso sobrenome e cuja presença é marcante e numerosa no Recife atualmente. Não é possível entender
a familia Gibson sem conhecermos os descendentes de Henry Oliver.
Henry Oliver Gibson
Um ponto negativo de sua biografia é a informação oral da família de que com a morte de Alexandrina, Henry Oliver - primogênito, atuou como tutor dos irmãos menores e então revelou-se um péssimo administrador, trazendo enorme prejuízo para toda a família, principalmente para os irmãos menores. Tenho dúvidas da veracidade desta informação.
Henry Oliver Gibson
Certa feita, procurado por seus irmãos Alfred e Francis que foram reclamar do modo que o patrimônio da família estava sendo administrado, pegou uma arma e ameaçou suicidar e então os irmãos deram o caso por encerrado.
Essa informação que repito, faz parte da tradição oral da família, carece de comprovação documental, apesar de que Henry Oliver foi realmente tutor dos irmãos. O terceiro deles.

No jazigo da Família Gibson – Cemitério de Santo Amaro, encontra-se na sua lateral direita (vide foto), uma pequena placa em mármore branco trabalhado que informa em baixo relevo: “este túmulo foi construído por Henry Gibson para sua mãe Alexandrina”.


No Jornal do Recife de 07 de dezembro de 1865 sob o título ESCRAVO FUGIDO, temos a seguinte notícia: "Acha-se fugido do engenho Forno da Cal, termo de Olinda, o moleque de nome Vicente, baixo, cheio de corpo, cabellos pouco estirados, cor fula, idade 12 a 15 anos pouco mais ou menos, roga-se as autoridades policiaes, capitães de campo, ou quem o pegar leval-o no indicado engenho acima, ou na Ponte D'Uchoa, sítio do finado Henry Gibson, e no Recife rua da Cadeia, no. 24, que será recompensado". 

Observem que mesmo bem depois da morte de Henry, o endereço da rua da Cadeia continuou a ser mantido pelos herdeiros que tentaram dar continuidade ao comércio varejista do pai. Aliás, o JR de 11 de dezembro de 1865, anunciava um leilão de mercadorias com defeito (tecidos ingleses) como também de mercadorias em bom estado "para fechar contas de fim de anno" no armazém do finado Henry Gibson. O agente era o leiloeiro Oliveira, tio paterno de Alexandrina.

O Jornal do Recife de 18 de maio de 1869 publica a relação de acionistas da Companhia dos Trilhos Urbanos de Olinda a Recife. Nesta relação aparece o nome de Henry Oliver e de seu irmão Alfred.

E na edição de 02 de outubro de 1869 do mesmo jornal, coluna GAZETILHA, sub-título Movimento de dinheiro, a relação de várias pessoas que tinham recebido dinheiro dos postos do norte, trago pelo paquete Guard. Nesta relação, temos o nome de Henry Oliver.

Na coluna "HÁ UM SÉCULO”, O Diário de Pernambuco de 14 de agosto de 1993 uma nota que nos informa que no dia 14 de agosto de 1893 foi publicada a seguinte notícia:

"Revista Diária - Passeio presidencial - No dia 10 do corrente, às 7 1/2 horas da manhã, S. Exc. o sr. desembargador Presidente da Província, acompanhado de sua Exma. família, seu ajudante de ordens, deputados provinciais, Estevão de Oliveira, Augusto Leão e Cândido Ladislau, Drs. Armindo Tavares, Miguel de Castro, Adelino Luna Freire, capitão Nascimento Burlamaqui e diversos amigos, tomando um trem expresso foi a cidade de Limoeiro, onde, chegando as 10 hs. foi recebido pelas respectivas autoridades, hospedando-se em casa do Ilm. Sr. Henrique Gibson, que foi incansável juntamente com sua Exma. senhora em proporcionar a S. Exc. e aos de sua comitiva uma estada agradavel. S. Exc. visitou a matriz, Câmara Municipal, cadeia, cemitério, escolas públicas, onde convidando o Sr. Dr. Estevão a examinar os alunos, mostrou-se satisfeito pelo aproveitamento e frequência que notou. Durante o almoço e jantar, que foram lautos, ergueram-se muitos brindes, (...). No dia seguinte voltou S. Exc. às 11 horas da manhã, demorando-se pouco tempo em Pau d'Alho, correndo a cidade, depois do que retomando o trem aqui chegou às 4 1/2 da tarde. Separaram-se todos cheios de gratas recordações".

Na mesma coluna, porem em data diferente (creio que no início dos anos 70), o DP noticia que um grupo de amigos se dirige a residencia de Henry Oliver, em Beberibe, para presentea-lo com uma espada que faria parte da indumentaria de Coronel da Guarda Nacional, título que Henry Oliver tinha acabado de receber. Li esta noticia mas não a guardamos.

O Jornal A PROVÍNCIA de 15 de dezembro de 1914 traz a noticia de seu falecimento: 

"Victima de antigos sofrimentos falleceu hontem, as 16 horas, na casa de sua residência, em Areias, o coronel Henrique Gibson, casado com a exma. sra. Thereza Gibson, de cujo consórcio deixa numerosa prole. 
O saudoso extincto era geralmente estimado pelas suas apreciaveis qualidades moraes. 
Seu enterramento terá logar hoje à tarde, no cemitério público de Santo Amaro.
Levamos nossos pezames à desolada família, especialmente a seu filho sr. Oscar Gibson, digno auxiliar do commércio d'esta praça, seus genros srs. Theodorico e Eurico Valois, negociantes em Victória e ao seu sobrinho, nosso illustre amigo dr. Thomé Gibson, director proprietário do Jornal Pequeno."

Temos tido contato com descendentes de Odaci Gibson Simões - neto de Francisca de Souza, e maiores informações estão disponiveis no Link: Gibson Simões. 

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Francis Gibson

Francis Gibson
Nasceu Francis na residência de Ponte d’Uchoa em 29 de julho de 1853, tendo se casado com a olindense Alexandrina Constância de Albuquerque Xavier (Sinhá) no dia 15 de fevereiro de 1873 (livro 08, folha 14, Matriz de Santo Antonio). A partir do casamento passou a residir em Olinda, onde criou seus filhos.

Temos em nosso blog um link sobre família Xavier, de Alexandrina.



Alexandrina Constância Xavier

Semelhante a Alfred e a Henry Oliver, foi também a partir deste filho de Henry que surgiu outro dos três principais troncos da Família Gibson: os “Gibsons de Olinda”.

Seus descendentes foram: Romeu (Julieta Faria), Alice (José Antonio Azevedo), Evangelina (Oscar Bartolomeu Alves Barboza), Julieta (Eugenio Mendes Jacques), Guiomar (Doralecio Walcacer), Beatriz (Amaro Cunha), Arlindo (Maria do Carmo Cooper), Aluisio (Nancy Torres) e Maria que segundo o "Fundo Orlando Cavalcanti", do Instituto Arqueológico, Geográfico e Histórico de Pernambuco, nasceu em 01.ago.1879 e faleceu no mesmo dia (Sto. Antonio, Livro 21, fl 77-verso).

Herdou do pai o Forno da Cal e junto com o irmão Henry Oliver exploravam o calcário existente nesta jazida, assim como também as terras ao seu redor. O calcário era queimado em fornos e assim  transformados em cal, para ser utilizado na construção civil do modo que usamos o cimento hoje em dia. Posteriormente o "foro de caráter perpétuo" desta propriedade (Engenho Nossa Senhora da Ajuda) foi revogado pela Prefeitura de Olinda, tendo Francis recebido indenização por parte do novo foreiro, o Dr. Pernambuco - seu primo, que tinha provocado e trabalhado para que o fôro dos terrenos de Olinda em favor dos herdeiros de Henry Gibson, fosse revogado. Leiam em nosso site "Engenho Nossa Senhora da Ajuda". 

Mas Henry tinha sido proprietário de muitos outros terrenos em Olinda e em Beberibe, que foi repassado para seus herdeiros.

Diz a tradição oral da família que Francis foi proprietário de varias casas de aluguel, cuja renda o mantinham.

Sobre ele relato o fato que me foi contado por vovó Beatriz, sua filha: morando em Olinda, Francis atravessava a cavalo sozinho a região dos pântanos (o delta do Rio Beberibe, do qual era foreiro), quando foi surpreendido pelo famoso grito: “a bolsa ou a vida”!

Refeito do susto, Francis deu início a um diálogo com o assaltante, e no desenrolar da conversa, o aparente bandido confessou não ser mais que um simples chefe de família, que desesperado por estar sem trabalho, com mulher e filhos passando fome, decidiu apelar para aquele ato extremo.

Alexandrina Xavier
Resolveu Francis ir juntamente com o pretenso assaltante no local onde dizia morar, a fim de verificar a veracidade da informação. Uma vez lá, constatou que tudo que o homem havia lhe dito era verdade e penalizado, ofereceu-lhe trabalho em suas terras. O suposto bandido aceitou comovido e agradecido, conservando-se seu fiel servidor durante o resto da vida. Este caso encontra-se relatado por Gilberto Freire no capítulo denominado “O bom ladrão” em um de seus livros.

Outro relato, prende-se a uma brincadeira de mau gosto com arma de fogo, que veio perturba-lo pelo resto de seus dias. Era sempre com remorso e profunda tristeza que relembrava o fato de ter disparado um revolver, o qual julgava descarregado, contra uma de suas mais dedicadas empregadas, matando-a.

O Jornal do Recife de 09 de julho de 1869, traz a seguinte matéria na coluna REPARTIÇÃO DE POLICIA:  "Por officio desta data, participou-me o Dr. Delegado desta capital, que constando-lhe no dia 05 do corrente, que na casa de Henry Gibson no lugar Água Fria deste termo, fora morta com um tiro uma preta de nome Isabel, ex-escrava do mesmo Henry Gibson, para alli se dirigira immediatamente; das averiguações e maes delingencias, que a respeito se procedera se verificou, que tendo o menor Franck Gibson, irmão de Henry, ao sahir de um dos quartos da casa com uma arma de fogo carregada, afim de descarregal-a, o cão da mesma arma se embaçara na corrente do relógio do mesmo Franck, e procurando este desembaraçar a arma, eis que esta se despara casualmente, empregando-se o tiro na região cervical esquerda da referida preta que falleceu instantaneamente. A mesma autoridade procede nos ulteriores termos da lei, como o caso requer".

Uma das histórias que mais gosto do Francis, e que o retrata muito bem, é que chegando em casa certa feita, vindo da coleta dos alugueis com que mantinha a família, chega o Francis sem um tostão no bolso. À guisa de reclamação, Sinhá que bem conhecia o marido, o interpelou querendo saber o que tinha acontecido. Irritado, Francis justificou que tendo chegado à casa de Fulano, encontrou este seu inquilino doente e a família passando necessidade. Sentiu-se então obrigado a entregar à família deste inquilino todo o dinheiro que trazia no bolso, arrecadado com a coleta dos alugueis.


Alexandrina com netos (filhos de Arlindo)


É também do Francis uma reclamação que costumava fazer a Sinhá e que sempre detestei:  “Que absurdo! Um Gibson ter que trabalhar para sobreviver!" Só recentemente, ao ler o livro Mauá – obrigatório para todos os Gibsons que quiserem entender o contexto em que viveu Henry Gibson no Brasil, consegui aceitar esta frase, este pensamento.

No livro está muito bem explicado este sentimento das elites, aristocrático, comum dentro das características da sociedade de então – escravagista.





Recebemos do primo Cláudio Coutinho a foto de um senhor que a mãe dele - Julietinha, afirmava ser o avô dela - Francis. Esta foto não foi reconhecida nem por Dorinha, nem por Zenaide (netas de Francis). A prima Zenaide - irmã de Julietinha, foi categórica: "Pode descartar. Não é o Francis".  Mas não descartei e tenho minhas dúvidas se é ou não o Francis. Vejam meus motivos: 

1.  As razões de Claudio: "Gustavo, também eu não tenho certeza sobre esta foto. Do lado do meu pai não é, pois a família dele começou com meu avô Zeca Miranda que chegou aos 7 anos de Portugal. Não temos nenhuma referencia familiar de Portugal. Minha esposa - a Vavá, que conversava muito com minha mãe, me confirmou as varias vezes que minha mãe pegava a foto e falava que seu avô era muito parecido comigo quando eu usava uma barba igual a esta da foto. Para mim, fica a pergunta: porque mamãe ficou com a foto e sempre falava dela com lembranças? Já que está nas suas mãos, você já pode reconhecer que é muito antiga e está muito desbotada pelo tempo. Abraço,  Claudio"

Francis?

2. Temos notícia de uma entrevista dada por Barbosa Lima Sobrinho - político e jornalista, que chegou a ser Governador de Pernambuco. BLS foi amigo de infância de Arlindo Gibson, e frequentava a casa de Francis em Olinda. Nesta entrevista ele faz críticas aos baixos salários pagos pelas multinacionais inglesas aos pernambucanos. Leia:


pagina 253

"C.C. – E para que o excedente vá todo para fora e ainda sobre um troquinho para a classe política interna, o resultado é que a população vai ficando cada vez mais miserável.

B.L.S. – Mais miserável. Até os grandes ordenados são para eles, como a Inglaterra já fazia. A Inglaterra, quando tinha as suas companhias aqui no Brasil, pagava ordenados régios aos ingleses que vinham para cá e miseráveis aos brasileiros que trabalhavam para elas. Conheci os parentes desse Gibson ex-ministro do Exterior, que eram empregados da Western lá em Pernambuco. O ordenado que recebiam era tão miserável que eles se vestiam com roupas brancas feitas com saco de algodãozinho. Dona Alexandrina, senhora do Franklin Gibson, era especialista em fazer roupas muito bem feitas, aproveitando esses sacos de farinha de trigo. Fazia roupas para ele, que era filho de inglês, mas que já não estava dentro da categoria dos favorecidos, porque o que ele ganhava ficava aqui. E só interessava a eles aquelas pessoas que ganhavam para voltar à Inglaterra, ou para mandar o dinheiro para lá."

Agora, faço uma observação: as roupas vestidas pelo cidadão da foto encaixam-se ou não na descrição de BLS sobre Francis?

Mesmo antes de tomar conhecimento dessa entrevista, informei no Site (link do Alfred) que a situação financeira dos descendentes dele - Alfred, era muito melhor que a dos descendentes de Francis. Os filhos de Alfred não foram milionários, mas foram ricos. Mas, nunca pensei que a situação financeira do Francis, pelo menos no final de sua vida, fosse tão precária!


Mas em contra partida, também tenho estas fotos de Alexandrina (acima) já idosa mas muito bem vestida. E sei que Francis deixou imóveis em seu inventario. Uma das casas que vovó Beatriz morava e nos deixou, em Olinda, foi herança dele. E Mário Gibson me confessou certa ocasião que tinha vontade de comprar a casa onde morou o avô Francis. Segundo ele, era uma casa muito bonita. Não conheço a casa, sei apenas que ficava em Olinda velha. Então, miserável ele não era. Bom, pelo menos não no sentido de extrema pobreza. 

Tenho também esta notícia com a relação dos funcionários da Western  (enviada por Luciana Fellows) que dá a rua do Imperador como endereço de Francis. Ora, tratava-se de um endereço "elegante" para a época. Vejam na ilustração abaixo, o nome de Francis como o terceiro de baixo para cima:

A imagem acima (dos funcionarios da Great Western) foi-nos fornecida pela prima Luciana Fellows, a quem agradecemos.
O general Antonio Ignacio de Albuquerque Xavier, que foi cunhado de Francis. 
Foto do álbum de Clovis Ramos, seu trineto



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Alfred Gibson


Nasceu ele na residência de Sant’Anna em 05 de abril de 1846, tendo se casado com Francisca Adelaide do Rego Barros aos 21 anos, no dia 14 de junho de 1867.

Era Francisca Adelaide (vovó Yayá) filha de Thomé Joaquim do Rego Barros e de Thereza Martins de Almeida. Pelo lado materno, neta de Carlos Martins de Almeida e de Maria Coleta de Pinho Borges.


 O casal teve os seguintes filhos:

   1.    Alfredo, foi casado com Heraclydes Brito (vovó Querida) e deixou os seguintes filhos: Arnaldo, Oscar, Jose, Maria de Lourdes, Nair, João e Armando. Foi a partir deste filho de Henry, que surgiu um dos principais troncos da Família, os Gibsons de Recife, cujos descendentes até hoje preservam o nome Gibson no País. E também, é este o tronco que possui maior numero de gerações.

      2.    Henrique,

    3.   Thomé Joaquim, solteiro, não deixou descendentes. Foi proprietário do Jornal Pequeno. Vide sua biografia.

    4.     Cândido, solteiro, não deixou descendentes. Sabemos pelos registros de baptismo da Igreja do Santíssimo Sacramento no Recife, que na folha 90 - verso do livro 14 (1881-84), encontra-se o seguinte assento: “Cândido, nascido a 13.4.1879 e baptizado a 14.9.1882, filho de Alfredo Gibson e de Francisca Adelaide de Barros Gibson, afilhado de José Antônio de Pinho Borges e de Tomásia Adelaide Martins de Almeida.” Cândido foi Promotor de Justiça e faleceu com tuberculose. Bartholomeu Gibson, filho de Arnaldo, também promotor público, encontrou na Comarca de Serinhaem vários processos no qual o seu tio avô - Cândido, atuou como promotor.

     5.    Maria, foi casada com o tenente João dos Santos - Comissario d'Armada. Anotações familiares informam que o tenente João dos Santos faleceu em Manaus. Não sabemos se Maria voltou ao Recife, após a viuvez, ou se estabeleceu-se definitivamente no Norte. Não conhecemos a descendência.

     6.    Mathilde, faleceu no Rio, solteira. Sem descendentes.

    7.   Maria do Carmo (Carmelita), nascida em 12 de janeiro de 1884, gêmea de Maria da Conceição. Sobre ela temos a noticia que foi batizada na Igreja do Santissimo Sacramento em Recife no dia 02 de setembro de 1887. Seus padrinhos foram o Dr. Aristarcho Xavier Lopes e D. Rosa Emilia de Sá Leitão.

   8.  Maria da Conceição (Yayazinha), nascida em 12 de janeiro de 1884, gêmea de Carmelita.  Também batizada na Igreja do Santissimo Sacramento em Recife no dia 02 de setembro de 1887. Seu padrinho também foi o Dr. Aristarcho Xavier Lopes. Sua madrinha (sob a proteção), Nossa Senhora da Conceição.

     9.   Thereza, que foi batizada em 03 de agosto de 1884, aos três anos de idade na Igreja do Santissimo Sacramento em Recife. Foram padrinhos o Dr. Loureiro de Morais Pinheiro e D. Maria dos Anjos Albuquerque Maranhão. Anotações familiares nos informam que faleceu de tuberculose.

    10.  Alice (Menininha), que foi casada com Gilberto Amado e posteriormente se separaram. Foi a mãe de Vera Clouzot.
                                            
           Sobre notícias pessoais de Alfred, no dia 24 de abril de 1872, o Jornal do Recife traz a seguinte notícia: "Suicídio - amanheceu hontem enforcado no quintal de uma casa da rua da Imperatriz, um pardo, escravo do sr. Alfredo Gibson, segundo nos disseram. O infeliz preferio a morte à escravidão."

No dia 25, o Jornal do Recife, publica nova nota sobre o acontecido: "Por officio de hontem datado, communicou-me o subdelegado da freguesia da Boa-Vista, que na noite do dia anterior, suicidara-se o pardo Antonio, escravo de Alfredo Gibson, residente a rua da Imperatriz, no. 51 daquella freguesia.
Procedeu o corpo de delicto, do que resultou encontrar-se no cadaver grande numero de cicatrizes em toda extensão das costas parecendo proveniente de castigos immoderados e de data recente, bem como nas nadegas haviam também cicatrizes antigas.
Das indagações que aquella autoridade procedeu, resultou saber-me, que o escravo Antonio fora duramente castigado e que tendo ultimamente fugido, apresentara-se a seu senhor, apadrinhado; não obstante este ameaçara mandra no dia seguinte castigal-o em seu engenho Forno da Cal. 
Recommendei ao respectivo subdelegado que, quanto antes, proceda-se o inquerito policial e remetta-se ao Dr. Juiz de Direito do districto, dando-me finalmente conta de semelhante remessa".

        Em 28 de abril de 1872 Alfredo publicou uma nota de defesa no Diário de Pernambuco, onde se inocentava da culpa pela morte de seu escravo Antonio. Como no cadáver tinha sido encontrado sinais recentes e antigos de castigos imoderados, Alfred informava que não partiu de sua iniciativa nenhum castigo – rigoroso ou moderado. Esclarecia ainda que fora citado para ser interrogado sobre o assunto pelo subdelegado da província da Boa Vista.

             Em 05 de janeiro de 1875, o Jornal do Recife noticia que um escravo fugido seu, de nome Cândido tinha sido capturado.

           Em 26 de janeiro de 1875, a chegada no porto do Recife de "tecidos diversos" importados por Alfredo. Nesta mesma relação de importadores de tecidos ingleses, está Hermann Ledebedour. Noticiado pelo Jornal do Recife.

               Em 05 de julho de 1875, o JR publica edital judiciário informando que Alfredo Gibson pediu a falência da firma "Caldas, Santos e Companhia".

            Algumas edições antigas do Diário de Pernambuco e do Jornal de Pernambuco, trazem noticias de mercadorias importadas por ele, tais como esta, fornecidas por nossa prima Gracy Andrade:Caro Gustavo, encontrei, no Diário de Pernambuco, dentre os registros de operações de importação, a realizada por ALFREDO GIBSON: “Gravatas e fitas 1 caixa” (D.P. de 07.10.1874, p.4).Abraço, Gracy”.

Isto nos leva a acreditar que o mesmo pode ter sucedido o pai na loja de varejo, ou posteriormente com sua própria loja, ter seguido a vocação paterna. Mas, talvez por ter ficado órfão aos 16 anos, com certeza não detinha os contatos que Henry possuia no exterior o que permitiria continuar com o comercio de importação/exportação – alicerce da fortuna de Henry.

Porém, se observarmos a situação financeira dos filhos de Alfred (principalmente em comparação aos filhos de Francis), fica a impressão de que o mesmo conseguiu administrar bem a sua vida financeira.

Mas, posteriormente ou concomitante, seguiu carreira como funcionário público do Estado, desempenhando as funções de escrivão do thesoureiro. Nas edições do jornal A Província de 1890, frequentemente encontramos nota assinada pelo escrivão do thesoureiro do Thesouro do Estado de Pernambuco - Alfredo Gibson, comunicando a data em que seria efetuado o pagamento dos funcionários do Estado.

A Província de 23 de abril de 1890 traz uma nota da Junta Commercial do Recife convidando "... os commerciantes nacionaes matriculados deste distrito .... para a eleição de um deputado commerciante...". Logo abaixo deste convite vem a relação dos comerciantes matriculados, onde encontra-se o nome de Alfredo Gibson.

A Província de 04 de outubro de 1890 traz uma nota da Associação dos Funcionários Públicos comunicando a posse da nova diretoria onde Alfredo aparece como conselheiro.

Claro que ao assumir as funções de funcionário público, Alfredo pode ter fechado a loja mas mantido sua inscrição na Junta Comercial. Ou, ter delegado poderes a um gerente.


Pelo lado paterno sou descendente de Alfred e a geração de meu pai, até minha saída do Recife em 1975, recebia mensalmente pagamento por terrenos foreiros no Bairro Beberibe. Então com certeza Alfred também foi beneficiado, por herança, ou de parte dos terrenos do Engenho Beberibe ou de outra propriedade localizada também no lugar Beberibe. Sabemos que esta fazenda era localizada no município de Recife e justamente, por não fazer parte dos terrenos aforados por Henry Gibson ao poder público de Olinda, não foi indenizada posteriormente pelo Dr. Pernambuco. A título de melhor esclarecimento, informo que o Bairro Beberibe está localizado parte em Recife e parte em Olinda.

     Sabíamos também que a COMPESA (Companhia de Abastecimento de Água de Pernambuco) desapropriou uma área no Bairro Beberibe, onde construíram uma grande reservatório (caixa d’água) e o numerário referente a indenização, teria sido depositada judicialmente em nome dos herdeiros de Henry Gibson. Não sei se o Henry Gibson informado era o pai ou o filho, Henry Oliver. A quantia depositada (e que nunca foi reclamada) foi bem menor que o valor real do terreno e papai falava que eram tantos herdeiros a serem identificados e representados que não valia a pena o litígio. Isto prova que o Engenho Beberibe do Recife já era do Henry antes e independentemente do aforamento do Forno da Cal.
           
Acredito que se tivesse sido ele o tutor dos irmãos, quando da morte da mãe, a história econômica de nossa família teria sido diferente.

Foto de Alfred Gibson  / Frente e verso

 Faleceu Alfred no dia 09 de junho de 1913, em sua residência na Rua Visconde de Goiana, 154, de câncer, tendo sido declarante na certidão de óbito o seu neto Arnaldo Gibson que declarou como profissão do avô: "funcionário público".