Testamentos:  Alice e Margaret Gibson


Quem foram:  duas das três irmãs de Henry Gibson (the merchant), que viveram em Great Harwood. Não se casaram e não deixaram descendentes. Após a morte do pai – Henry, the bookeeper, moraram em companhia do tio materno Adam Howarth e da sobrinha Mary Greaves.

O testamento da Alice:




Tradução:  


         Eu, Alice Gibson da Church Terrace – Accrington, Lancashire, por este meio faço o meu testamento e lego a minha irmã Margaret Gibson todos os meus bens reais e pessoais, de qualquer natureza ou onde quer que eles estejam, para que ela tenha o uso ou as rendas deles durante sua vida e os referidos bens após a sua morte, irão para o meu irmão Henry Gibson - de Pernambuco,  no Brasil ou para os seus herdeiros. E eu nomeio como meu Executor o meu tio, Adam Haworth - de Swinton, perto de Manchester .
Dezessete de Julho de 1855 (Alice Gibson)
Assinado em 17 de Julho de 1855 pela acima Alice Gibson na nossa presença e na presença de cada um.
           Thomas Lightfoot                                      James Riley                                   Adam Howarth                        

O testamento da Margaret:



Tradução:  


Este é o último desejo e testamento meu, Margaret Gibson, de New Acrington, no Distrito de Lancaster,solteira, feito em 19 de novembro de 18...
Eu revogo todos outros testamentos, ......., e outros dispositivos testamentários e dou e lego para minha sobrinha Mary Greaves:  todo o mobiliário domestico, pratos, linho, porcelana e todos os outros bens de minha residência, 'no momento de minha morte'.
Jacob Cooper de Darwen, Coal Agent e Mary Greaves: todos os meus bens, de qualquer natureza ou onde quer que eles estejam, NA CONFIANÇA que eles ou os sobreviventes deles,  ou os herdeiros executores ou administradores sobreviventes a eles, entreguem e transmitam uma das minhas casas residenciais situada na já citada Christ Church Terrace, em Accrington - de numero 17, a minha sobrinha Mary Greaves como entreguem e transmitam  outra das minhas casas residenciais na já citada Christ Church Terrace, numero 19 em Accrington, a Alice Spencer minha sobrinha e outra das minhas casas residenciais na já citada Christ Church Terraço - numero 15, a Elizabeth Cooper minha sobrinha, e a renda fundiária do total das três casas ditas, serão divididas igualmente em três partes assim como o imposto  em cima de cada casa. E para todo o resto do resíduo remanescente de meu patrimônio eu dou e lego o mesmo para as citadas Mary Greaves, Alice Spencer e Elizabeth Cooper – igualmente.

Comentários:


Sara Maybury:

Prezados,
Gostaria de saber se o desejo de Alice de legar seus bens para Henry Gibson ou seus herdeiros -  após a morte de Margaret, talvez o tenha sido porque Henry Gibson tenha dado dinheiro para Alice investir num futuro seguro para suas irmãs.
Por isso então, Alice quis que os bens fossem devolvidos a ele ou a seus herdeiros?
Vejo que Margaret ignorou os desejos de Alice para que seu irmão, Henry Gibson, ou seus herdeiros viessem a herdar todos os bens depois de sua morte!

Resposta de Bob Calvert, para Sara:

Obrigado pela visão dos testamentos - eles são bastante reveladores.
Alice parece ter favorecido a família de seu irmão Henry (de Pernambuco) com a exclusão de sua irmã Ann e a linha Greaves, embora Mary e Henry Gibson Greaves tivessem vivido com ela em algum momento. Estranhamente, ela fez seu tio Adam Haworth o seu executor único, algo que provavelmente não foi sábio quando você considera que ele teria tido a responsabilidade de assegurar que os desejos de Margaret a respeito de seus bens seriam realizados após a sua morte.
Vejo que o inventário foi validado como "Não arrendamentos", enquanto o de Margaret, que enumera três propriedades é endossado como "arrendamentos". Talvez então, as propriedades em Christ Church Terrace não tivessem sido de Alice.
Quando os bens chegaram a Margaret ela ignorou seu irmão, a família de Henry (de Pernambuco) e deixou tudo para as três irmãs Greaves, mas ignorando Henry Gibson Greaves que viveu com a família por um tempo.
Como eu suspeitava, Mary Greaves, uma vez que recebeu a herança de Margaret casou rapidamente.
Eu não encontrei nenhuma evidência de que qualquer das três irmãs Greaves tenham realmente ocupado as casas em Christ Church Terrace, embora talvez Mary o tenha feito por um curto período antes de seu casamento.
Não há ninguém citado em qualquer um dos Testamentos que não tenha sido incluido na minha pesquisa anterior sobre os Greaves, portanto os Testamentos não trouxeram nenhuma surpresa.
Eu esperei que pudéssemos ter tido noticias sobre James Haworth Gibson, o irmão desaparecido de Ann, Alice, Margaret e Henry, que desapareceu de cena em 1851, mas não existem pistas aqui.

As casas:

Nossos agradecimentos à prima Sara Maybury pela descoberta e pela recuperação dos testamentos de Alice & Margaret. Ao Bob pelos comentários e pelas imagens das casas.




Testamento de CUTHBERT  -  the yeoman


Quem foi Cuthbert, por Bob Calvert

Gustavo,
Em anexo a transcrição do testamento de Cuthbert Gibson;  um lembrete: Cuthbert era o irmão de John Gibson (1757-1828). John era o avô de Henry, o comerciante brasileiro. Era este o testamento que estava perdido e que foi mencionado no testamento de Henry , irmão de John e Cuthbert. Para completar também anexei a minha análise dos testamentos de Cuthbert e de Henry, embora eu não tenha conseguido chegar a nenhuma conclusão definitiva sobre as dúvidas mencionadas no testamento de Henry.
Bob


Os filhos de John & Ann Bradshaigh:
Cuthbert, nasceu em 1744. Foi casado com Ellen Calvert. Foi descrito na época como um yeoman, o que o destacava na Sociedade da época. Faleceu na condição de viúvo, em 1791, aos 47 anos, sem filhos. O fato dele ter feito um testamento ainda tão novo, faz-nos pensar que o mesmo já estava acometido por alguma doença crônica (hipertensão, diabetes, cardiopatia...) sem recursos terapêuticos na época.
Henry, nasceu em 1747. O Testamento dele foi feito em 1827, aos 80 anos de idade.
John, o pobre, nasceu em 1757 e tinha 70 anos quando o irmão Henry, o yeoman, fez o testamento. Recebeu a ordem de retirar-se em 1785, aos 28 anos de idade. Sua esposa, Alice morreu aos 25 anos de idade - em 1784 e quase imediatamente após isso a Ordem de Retirada foi obtida a partir dos Magistrados do Pobres, sobre John e seus dois filhos, Henry e Cuthbert.  A única razão pela qual os Supervisores dos Pobres pediriam uma ordem de remoção seria a família estava susceptível de se tornar um encargo para a Paróquia -teriam então de para voltar ao seu lugar de "Liquidação Legal", Altham. Os seja, para sua aldeia de origem. Eles não poderiam receber uma Ordem de Remoção, se John tivesse uma propriedade em Great Harwood ou mesmo uma propriedade arrendada no valor de £ 10 por ano. Na retirada, seu filho Cuthbert tinha 3 anos e Henry, o contador, 5.  Quando foi feito o testamento de Henry - o yeoman, o nosso Henry - o contador, tinha 47 anos de idade e o filho Henry, o comerciante brasileiro, 13 anos de idade. Henry - o contador, já era viúvo quando de seu segundo casamento.

O TESTAMENTO DE  CUTHBERT -  transcrição

Will - Cuthbert Gibson 1791

In the Name of God Amen, I Cuthbert Gibson in Great Harwood in the county of Lancaster yeoman being of a sound and perfect mind and memory and understanding, do make this my last Will and Testament in manner and form following that it is to say first it is my will and mind and I do hereby order and a Direct that all my just Debts and funeral Expenses, be fully and truly paid together with the reimbursement of my Executors, and the expenses of the probation of this my Last will shall in the first place be justly and fully paid off and Discharged, whereas I stand seised of one Cottage House and garden to me and my heirs Executors administrators and Assigns for ever, now it is my will and mind and I do hereby direct and give and Devise unto my beloved wife Ellen the rent or rents of the Cottage House and garden aforesaid during her in natural life, also I give and bequeath unto my beloved wife Ellen Gibson all my personal Estate of whatsoever kind it may happen to be being found to be my own in right, that is to say that my executors shall see that my beloved wife Ellen Gibson During her Natural Life shall regularly take out of my personal estate for her maintenance and support and if the rents of my Cottage House and garden together with the stock of my personal Estate be not found sufficient for the support of my beloved wife Ellen Gibson, During her Natural Life, then and in such cases I order and Direct my Executors either to Mortgage or to sell the said Cottage House and garden according as they shall think most prudent for the life and intent aforesaid Likewise I give and bequeath unto my Brother John Gibson my Brown Coat and striped waistcoat and my best hat, then the remainder of all my other cloas I give and Bequeath Equally between my two brothers Henry and John Gibson, and further I give Devise and bequeath to Henry and John Gibson equally to be divided between them all the remainder of my personal Estate and Cottage House and garden after this my will is fulfilled. Lastly I constitute and appoint my beloved wife Ellen Gibson Executrix and Henry and John Gibson my Brothers Executors of this my last will and Testament revoking all other will heretofore made Giving my Executors Equal power,hope they will truly and faithfully Discharge the trust I have <unclear> reposed in them. In witness whereof I have here unto set my hand and seal this
eleventh Day of November one thousand seven hundred and ninety one Signed sealed and published and Declared by the said Testator Cuthbert Gibson as and for his last will and Testament in the presence of Us, who have now unto subscribed our Names as Witnesses hereto in the presence and at the request of the said Testator, and in the sight and presence of each other
                        James Baron                      John Walmesley                        Roger Clayton

O TESTAMENTO DE CUTHBERT  -  tradução

Testamento  -  Cuthbert Gibson 1791

Em nome de Deus, amem, eu, Cuthbert Gibson yeoman em Great Harwood, no Condado de Lancaster, sendo portador de uma mente sã e perfeita - na memória e na compreensão, faço este meu Último Desejo e Testamento de maneira e de forma seguinte, que é dizer em primeiro lugar ser minha vontade e intenção - e eu por este meio ordeno, que todos os meus justos débitos e despesas de funeral, sejam totalmente pagas junto com o reembolso de meus executores, e as despesas da execução deste meu Testamento deve, em primeiro lugar, ser justa e totalmente liquidada e descarregada, enquanto eu estou submetendo uma Cottage - casa e jardim, para mim e meus herdeiros executores, administradores e cessionários, determinando para sempre, que agora é o meu desejo e a minha vontade e que eu faço diretamente por este meio doar e fazer chegar até minha amada esposa Ellen o aluguel ou rendas da citada Cottage - casa e jardim, durante a sua vida no natural, e também doar e legar a minha amada esposa Ellen Gibson todos os meus bens pessoais de qualquer tipo, pode acontecer de estar a ser encontrada para ser a minha própria razão, que é dizer que os meus executores devem providenciar que a minha amada esposa Ellen Gibson, durante sua vida natural, regularmente retire de meu patrimônio pessoal o necessario para sua manutenção e suporte, e se o aluguel da minha Cottage - casa e jardim, juntamente com o balanço de meu patrimonio pessoal não ser considerado suficiente para o suporte da minha amada esposa Ellen Gibson, durante a sua vida natural, então, e, nesse caso, eu ordeno direto para meus executores quer para Mortgage ou vender a referida Cottage - casa e jardim, de acordo com o que eles achem ser o mais prudente para a referida vida e intenção.
Da mesma forma faço doação e legado ao meu irmão John Gibson, o meu casaco marrom e colete listrado e o meu melhor chapéu, e o restante de todos os meus outros cloas (???)  dou e lego Igualmente entre os meus dois irmãos Henry e John Gibson, e mais eu dar outorgo e lego para Henry e John Gibson igualmente a ser dividido entre  -los para o resto de minha propriedade pessoal e Cottage - casa e jardim, após isto minha vontade está cumprida. Finalmente eu constituo e aponto minha amada esposa Ellen Gibson testamenteira, e Henry e John Gibson meus irmãos, executores deste meu Testamento, revogando todos os outros até então feitos. Dou aos meus executores igualdade de poder, e espero que eles correspondam verdadeiramente e fielmente, à confiança que
depositei neles. Em fé do que eu tenho definido aqui, coloco minha assinatura e selo neste.
Dia 11 de Novembro 1791
Lacrado e assinado, publicado e declarado, pelo testador Cuthbert Gibson que disse ser este a sua última vontade e testamento, na presença de nós, que temos agora subscrito nossos nomes como testemunhas do presente regulamento, na presença e a pedido do dito testador, e à vista e na presença um do outro.
                                           James Baron                        John Walmesley                    Roger Clayton


Comentários

Background (em referencia ao artigo original de Bob sobre a familia Gibson)

Ao pesquisar a história da família Gibson me deparei com um testamento que continha uma forma incomum de herança. Este documento analisa o testamento e as possíveis razões por trás dele.

O Testamento

O testador foi Henry Gibson que morreu em Accrington em 1827. Ele contém o seguinte teor:

Considerando que, pelo último desejo e testamento de meu falecido irmão Cuthbert Gibson,  uma determinada Cottage com os seus pertences situada em Great Harwood - no Condado de Lancaster, foi deixada para mim e para meu irmão - John Gibson (avô de nosso Henry), com partes iguais entre nós, e considerando que têm surgido dúvidas se o meu irmão (Cuthbert) desejou que John Gibson tivesse sido intitulado legalmente para herdar a tal Cottage com os acessórios ou qualquer parte deles. Agora o meu desejo e testamento é: eu quero por este meio dar e conceder ao meu citado irmão John e seus herdeiros, todos os direitos aos Títulos e Interesses que tenho na referida fração da referida Cottage, recebida da mesma forma que ele, meu irmão John, de meu irmão Cuthbert....

Cuthbert era o mais velho dos três filhos de John Gibson e Ann Bradshaw, Henry foi o segundo e John era o mais novo. O objetivo do texto acima parece ter sido para regularizar uma situação com respeito a Cottage de Great Harwood, de modo que estava de acordo com a intenção do testamento de Cuthbert. Isso poderia, por exemplo, proteger o interesse de John e seus herdeiros contra algumas reclamações de terceiros. Por outro lado, o texto poderia ser destinado para afirmar que Henry era o proprietário de metade da casa.

As dúvidas

A questão imediata é: por que estavam lá as dúvidas? O testamento de Cuthbert deixa claro que após sua morte os aluguéis e a renda da Cottage deveriam ser destinados ao sustento de sua esposa e em seguida afirma:
"Eu outorgo e deixo para Henry e John Gibson, a ser dividido igualmente entre eles, todo o resto de meus bens pessoais e a Cottage - a casa e o jardim, e depois disso o meu último desejo estará cumprido "
No início do testamento Cuthbert diz: "Considerando que eu estou submetendo uma Cottage com casa e jardim para mim e meus herdeiros executores e administradores, determinando para sempre... "
Então, parece que a Cottage não estava impedida por nenhum compromisso pré-existente e ele estava livre para lidar com ela, tal como ele desejava.

As Pessoas

Cuthbert

Cuthbert aparece como sendo o único que assinou uma petição em 1773 como um dos principais habitantes da "Paróquia de Harwood" rezando para que, como o Rev.. Mr. Smith, o Cura, está no ponto da morte, o Vigário nomeie para o curato Mr. Elleray, Curato de Langho, um coadjutor na paróquia por mais de
30 anos
Ele também foi uma das testemunhas do testamento de Lawrence Walmesley, em 1765, locatário do Hotel Queens. 
Seu nome aparece com freqüência na "Recognisances Alehouse" de Great Harwood e parece que ele era um estalajadeiro. Cuthbert fez o seu testamento em 11 de novembro de 1791, principalmente em favor de sua esposa, Ellen.
Ellen morreu duas semanas e meia mais tarde, em 30 de novembro, e em seguida, Cuthbert faleceu em 21 de dezembro. Isto significa que a primeira parte do testamento (que previa o suporte para Ellen) era desnecessária e ele poderia passar a casa de campo imediatamente para os dois irmãos.

Henry

Henry descreve a si mesmo em seu próprio testamento como sendo um "yeoman" - assim era um fazendeiro / proprietário de terras e pode ser considerado como pertencente a uma das classes mais abastadas.

John

A esposa de John,  Alice, morreu em 1784 e em 5 de janeiro de 1785 havia uma Ordem de Remoção para que John e suas crianças, Henry & Cuthbert , fossem removidos de Great Harwood para Altham. A existência de uma
Ordem de Remoção sugere que John era pobre, susceptível de se tornar um encargo para a Paróquia.

Possibilidades

Cuthbert menciona que os aluguéis da casa de Campo deveriam ser utilizados para sustentar a Ellen, o que levanta a questão de onde Ellen teria vivido - se ela vivia na Casa de Campo, não haveria rendas para apoiá-la, mas se vivesse em outro lugar que não fosse uma habitação de propriedade de Cuthbert?
A texto do testamento de Henry continua:
"Dúvidas surgiram se o meu irmão desejou que John Gibson fosse intitulado legalmente para a tal Casa de Campo com os acessórios ou qualquer parte dele."
Isto sugere que John pode ter ocupado a Cottage. Tendo em vista a diferença em suas posses, Henry pode ter permitido a fazê-lo. Se ele fez isso e se não pagasse aluguel pela meia parte de Henry, pode ter parecido de que John era o dono da casa, ao inves de inquilino dele e de seu irmão. Ao incluir a doação em seu Testamento, Henry queria re-afirmar os direitos seus e de seus herdeiros a metade da renda da Casa de Campo.

Conclusão

É necessário se pensar mais para chegarmos a um juízo sobre o que estava acontecendo, entretanto, parece mais provável que a cláusula era uma "estaca no chão", assegurando que a casa não estava perdida para os herdeiros de Henry.
Testamento de Henry Gibson   (tio avô de nosso Henry)
  
Quem foi:  Filho de John Gibson (cordwainer) e de Ann Bradshaigh. Nascido em 01 de novembro de 1747, foi irmão de Cuthbert - the yeoman (cidadão destacado na sociedade da época), e de John Gibson - o pobre, que nasceu em 1757 e tinha 70 anos quando este seu irmão Henry, também yeoman, fez o testamento.   John (avô de nosso Henry) recebeu uma ordem de retirar-se de Great Harwood em 1785, aos 28 anos de idade.

Já tinhamos uma cópia da transcrição deste testamento desde 1975, datilografada, com o mesmo teor, mas Bob Calvert conseguiu localiza-lo e obteve uma fotocópia do original, o que fortalece a fidelidade da transcrição e o seu valor histórico.

Gustavo 
Obtive uma fotocópia do testamento de 1827 de Henry Gibson, com uma ou duas incertezas menores que na transcrição anterior me perturbaram.

O Testamento não é difícil de ler e acho que você já fez uma transcrição exata dele. Todas as alterações que fiz não alteram o sentido das transcrições anteriores, no entanto um ponto interessante é que, quando surge James Cunliffe jurando o valor da propriedade, ele deu o seu endereço como Wellington Place, em Manchester.
Infelizmente, o tamanho do papel não permite que eu possa digitalizar o Testamento, como eu faria normalmente.
A transcrição anterior foi muito boa. Para quem não está familiarizado com a linguagem e a forma destes testamentos pode ser uma perspectiva assustadora decifrá-los.
                                              
Bob
TEXTO  ORIGINAL:
WILL
This is the last Will and Testament of me Henry Gibson of Accrington in the County of Lancaster, yeoman made whilst I am of sound and disposing mind memory and understanding Whereas in and by the last Will and Testament of my late brother Cuthbert Gibson a certain Cottage with the appurtenances situate in Great Harwood in the County of Lancaster was devised to me and my
brother John Gibson equally between us, and whereas doubts have arisen whether my said brother John Gibson was intitled in law to such Cottage with the appurtenances or any part thereof.
Now my Will & mind is and I do hereby give devise and bequeth unto my said brother John and his heirs all right Titles and Interest which I have to or in the said moiety of the said Cottage so devised to him my said brother John, by my said brother Cuthbert, on condition that he my said brother John or his heirs pay unto my Son in Law James Cunliffe or his legal representatives the sum of Twenty Pounds which Henry the son of the said John Gibson now stands indebted to the said James Cunliffe, or on condition that the said Henry Gibson doth himself pay to the said James Cunliffe or his representatives the said sum of Twenty Pounds. And as other moiety of the said Cottage with the appurtenances so devised to me I do hereby give and devise the same unto and equally amongst  the Children, of my late daughter Ann their Heirs and assigns as Tenants in Common. And as to any concerning my personal estate after payment of my just debts and funeral and Testamentary Expences. I do give .the same as follows viz my Bedstead Bedding, Chest of Drawers and my
Wearing Apparel I do give unto my son John Gibson, his Executors or administrators, One other Chest of Drawers I give unto the Children of my late son Cuthbert. And as to the rest residue and remaining of my personal estate and effects I do order and direct my executors hereinafter named to convert the same into Money and pay and apply the same unto and equally amongst the Children of my late daughter Ann within twelve months after my decease, And revoking all other Will by me at any time heretofore made I do declare this only to be my last Will and Testament and do appoint my Grandson James Cunliffe the younger and Robinson Lang of Accrington aforesaid Calico Printer Executors thereof In Witness whereof I have hereunto set my Hand and Seal this seventeenth day of May one thousand eight hundred and twenty six.
Signed by the son Henry Gibson the Testator and by him, sealed publisher and declared as his last Will and Testament, in the presence of we who in his- presence at his request and in the presence of each other have hereunto subscribed our names as witness.
Henry Gibson
Tho Charles Schoolmaster Accrington
Daniel Nuttall
Ann Charles
The 14 March 1827 - James Cunliffe the younger one of the executors in this will named was sworn in common form, power being reserved Robinson Lang the other executor therein named to take upon himself the execution of the same where he shall lawfully request it, .He further made oath that the personal estate & effects of the Testator within the Diocese of Chester were under the value of 20 £.

Testator died ... January 1827
Probate dated 14th March 1827
Before me
le D Wray
Surrogate
Attached to the probate is a pre-printed form from the Consitory Court of Chester which James Cunliffe used to swear the value of the estate. On the form James is described as :James Cunliffe the younger of Wellington Place in Manchester in the county of Lancaster Pattern Designer.

TRADUÇÃO:

Este é o último desejo e testamento meu, Henry Gibson - de Accrington, no Condado de Lancaster, yeoman (proprietario rural, cidadão distinguido na Sociedade), feito enquanto estou em perfeito estado de memória, mente e compreensão.

Considerando que, pelo último desejo e testamento de meu falecido irmão Cuthbert Gibson,  uma determinada Cottage com os seus pertences situada em Great Harwood - no Condado de Lancaster, foi deixada para mim e para meu irmão - John Gibson (avô de nosso Henry), com partes iguais entre nós, e considerando que têm surgido dúvidas se o meu irmão (Cuthbert) desejou que John Gibson tivesse sido intitulado em lei para herdar a tal Cottage com os acessórios ou qualquer parte deles.
Agora o meu desejo e testamento é: eu quero por este meio dar e conceder ao meu citado irmão John e seus herdeiros, todos os direitos aos Títulos e Interesses que tenho na referida fração da referida Cottage, recebida da mesma forma que ele, meu irmão John, de meu irmão Cuthbert, na condição de que ele, meu irmão John ou seus herdeiros, paguem para meu genro James Cunliffe ou seus representantes legais, a soma de vinte libras as quais Henry (o book keeper, pai de nosso Henry), o filho de John Gibson, que agora fica em débito com o citado James Cunliffe, ou na condição de que o referido Henry Gibson pague para o James Cunliffe ou seus representantes, a dita soma de vinte libras. 

E a outra metade desta Cottage com os acessórios, herdada por mim, eu, atraves deste instrumento dou e concedo a mesma e em partes iguais, para as crianças de minha falecida filha Ann, herdeiros dela, que designo como Usuarios em Comum.

E o que se referir aos meus bens pessoais após o pagamento de minhas dívidas e despesas de funeral e testamentárias, eu dou as mesmas que se seguem, a saber: a minha Cama de Dormir, Cômoda de Gavetas e meus Artigos de Vestuario eu dou para meu filho John Gibson, seus sucessores ou administradores. Uma outra Comoda de Gavetas eu dou as crianças de meu falecido filho Cuthbert. 

E quanto ao resíduo restante e remanescente de meus bens e efetivos pessoais, eu ordeno e direciono meus executores (das ordens testamentarias), aqui no final nomeados, para converterem o mesmo em dinheiro e pagar e aplicar o mesmo em partes iguais entre os filhos de minha falecida filha Ann no prazo de até doze meses após da minha morte.

E revogando-se os outros testamentos que tenham sido feitos por mim a qualquer momento, eu declaro ser apenas este o meu ultimo desejo e testamento e indico o meu neto James Cunliffe -  o jovem, e Robinson Lang de Accrington - sobredito Estampador de Algodão, executores que testemunharam de que eu assinei o presente documento, que leva a minha assinatura e Selo, aos dezessete dias de maio de 1826.

Assinado pelo filho do testador Henry Gibson e por ele próprio, selado, publicado e declarado como sendo seu último desejo e testamento, na nossa presença, que em sua presença e a seu pedido e na presença um do outro, assinamos e subscrevemos nossos nomes como testemunhas.

Henry Gibson
Tho Schoolmaster Charles Accrington
Daniel Nuttall
Ann Charles


Em 14 de março 1827: James Cunliffe o mais novo dos executores nomeado neste testamento, foi empossado de forma comum, reservado o direito de Robinson Lang o outro executor também nomeado, de tomar sobre si a execução do mesmo, devendo ele solicitá-lo legalmente. Ele ainda fez o juramento que os bens e efeitos pessoais do testador dentro da Diocese de Chester , estavam sob o valor de 20 libras.



Testador morreu depois de Janeiro de 1827

Data provavel: 14 de março de 1827
Antes de me
le D Wray
Substituto

Anexado ao inventário está um formulário pré-impresso do Consitory Court of Chester que James Cunliffe usou para jurar o valor da propriedade. No formulário, James é descrito como: James Cunliffe - o jovem, de Wellington Place, em Manchester, no condado de Lancaster - Pattern Designer (profissão).



COMENTÁRIO:

Gustavo,
Isto significa que £ 20 é uma dívida pré-existente, de modo que já estamos vendo que Henry - devido à falência, estava devendo dinheiro dentro da família.  O dinheiro é devido a James Cunliff, genro de Henry, ao invés do próprio.
Eu suspeito que o Testamento foi elaborado por Charles Thomas, professor, que com sua esposa testemunhou o Testamento e não por um advogado.
A dívida de 20 libras deve ter sido muito significativa, pois o valor total de bens de Henry foi declarado como abaixo de £ 20. 
Bob Calvert

No Testamento de Henry temos a frase: "a soma de vinte libras que Henry, filho do dito John Gibson, agora está em débito com o dito James Cunliffe. "

ENGENHO NOSSA SENHORA DA AJUDA

O Engenho Nossa Senhora d’Ajuda foi fundado em 1535 por Jerônimo de Albuquerque, cunhado de Duarte Coelho Pereira, primeiro donatário da Capitania de Pernambuco.

Situado nas proximidades de Olinda, já então reconhecida como uma próspera vila, o engenho representou a primeira fábrica de açúcar em Pernambuco, tendo sido a segunda em terras brasileiras e que deu origem a vocação da indústria açucareira de Pernambuco.   1 e 2

Desnecessário dizer da importância histórica dessa propriedade que ocupava grande extensão de terra, obtida por Jerônimo de Albuquerque através de seu cunhado – Duarte Coelho Pereira, como doação donatarial a título de sesmaria.

Reforçando a importância do engenho Nossa Senhora d’Ajuda, informamos que segundo o historiador Borges da Fonseca, que se baseou no seu testamento, Jerônimo de Albuquerque faleceu no mês de dezembro de 1584, sendo sepultado na capela do seu engenho. Esclareço que além de um grande guerreiro, responsável por varias vitórias contra índios hostis à ocupação portuguesa, ele foi um grande patriarca pernambucano, deixando enorme descendência que hoje se encontra presente em todo Brasil.

Além disto, era este engenho bangüê, situado a três quilômetros do cais do Varadouro, subindo o rio Beberibe, o responsável pela água potável usada para o abastecimento de Olinda.

FORNO DA CAL

Originalmente o engenho Nossa Senhora d’Ajuda, também conhecido com Engenho Velho, ocupava todas as terras do delta do Beberibe (região dos pântanos de Olinda), fazendo divisa com a cidade de Recife no bairro de Santo Amaro e ia até onde hoje existe a cidade de Paulista.

A propriedade quando foi adquirida por Henry Gibson em 1859, por foro perpétuo concedido pelo Município de Olinda, já era denominada “Forno da Cal” e não produzia mais açúcar, encontrando-se decadente, invadida por posseiros e apesar de ter sofrido vários desmembramentos, foi ainda em suas terras que surgiu o bairro de Peixinhos e a Vila Cidade Tabajara (Ouro Preto) - ambos em Olinda, e o bairro de Beberibe em Recife, entre outros. E ainda, foi na área do antigo Forno da Cal que se construiu a Escola de Aprendizes de Marinheiros, o Matadouro de Peixinhos, o Shopping Tacaruna e o Centro de Convenções de Recife.


Nas antigas terras do engenho de Jerônimo de Albuquerque, a indústria da cal e uma olaria já estavam sendo exploradas antes mesmo do Henry Gibson ser o proprietário. Na época, com o crescimento de Recife, essas atividades eram tão ou mais lucrativas que a produção do açúcar. O material calcário era extraído em formato de pedra, derretido em forno para obter a cal e então misturado com o barro, conseguindo-se assim uma massa que substituía o cimento. Era muito usado também como tinta, para caiar as paredes, hábito então considerado higiênico. Henry mesmo tendo dado continuidade a estas atividades motivado por sua lucratividade, fez ressuscitar a vocação açucareira da propriedade.

Transcrevo na íntegra o seguinte artigo da Revista de Geografia:

Forno da Cal (Revista de Geografia. Recife: UFPE – DCG/NAPA, v. 25, n. 1, jan/abr. 2008 104
ZONA RURAL DE OLINDA (PE): ASPECTOS DA ATIVIDADE AGROPECUÁRIA NO FINAL DO SÉCULO XX
por Roberto Silva de SOUZA
Ainda no Brasil Império, outro momento que permeou a história do Forno da Cal, em
Olinda, revela que, em 1859, o inglês Henry Gibson, convenceu a Câmara de Olinda que iria realizar, às suas custas, alguns projetos onerosos para a cidade se ela lhe aforasse “toda a área pantanosa e alagada; – todos os terrenos adjacentes (terras de arvoredos – segundo Foral) que estivessem nas posses ilegais de terceiros, e finalmente, todos os terrenos aforados cujos foreiros houvessem incidido em comisso.” (DIÁRIO DE PERNAMBUCO,1972a, p.5).

A Câmara de Olinda atendendo ao apelo do inglês, lhe aforou as terras pretendidas, em 27/10/1859. Porém ele, não cumprindo com sua promessa, fez a exploração das terras de arvoredo e ainda expulsou centenas de lavradores a título precário, bem como os que incidiram em comisso. Segundo o documento, o inglês enriqueceu por meio dos rendimentos auferidos com as madeiras, por arrendamento das terras para cultura e pastagens, pela produção do açúcar – realizada no engenho que construiu, e pelos negócios da cal. (DIÁRIO DE PERNAMBUCO, 1972a).

No Jornal do Recife de 10 de fevereiro de 1866, temos a seguinte notícia: "Dito a Camara Municipal de Olinda - Declarando-me a Camara Municipal de Olinda na informação dada em 28 de janeiro próximo findo, sobre o requerimento dos herdeiros de Henry Gibson, foreiro do pantano pertencente a essa Camara, que o dito foreiro só cumprio uma das condições, com que lhe fora cedido o aforamento daquelle pantano , recolhendo aos cofres da municipalidade a importância de dous annos de fôro adiantado, não tendo porém satisfeito todas as outras condições, por isso não só tem deixado de pagar annualmente o foro estipulado, como também não fez dessecar o pantano, nem correr agua o mais perto possível desta cidade, dentro do prazo de 06 annos, que já se findaram a 27 de Outubro ultimo, incorrendo por taes faltas na multa de que pedem ser relevado, e em commisso, quanto ao não pagamento do fôro, resolvi indeferir o predito requerimento, e recommendo a essa Camara, que faça arrecadar a citada multa, e effective a pena de commisso, além de que rescendido o contracto de aforamento a Gibson, seja elle efectuado com outro, que melhores vantagens afferecer".

Na edição de 12 de fevereiro de 1866, dois dias depois, vem a resposta dos herdeiros: " ATTENÇÃO - Os herdeiros do fallecido Henrique Gibson, leram com sorpreza a informação que a Camara Municipal da cidade de Olinda, dera ao Exmo. Sr. Presidente da Província, sobre a qual S. Exc. indeferira o requerimento que fizeram sobre o pantano d'aquella cidade, e como dita informação e indeferimento fôra publicado no Diário de Pernambuco, de 10 do corrente, é justo que os mesmos herdeiros declarem que aquella informação é inexacta por isso que desde que o pantano fôra aforado aquelle falecido teem sido pagos os foros annualmente adiantados, tanto que o procurador daquella Camara os recebeu até Outubro do corrente anno, como tudo prova dos recibos que se acham em poder do testamenteiro".

Em 1904, o engenheiro Sr. José Antonio de Almeida Pernambuco (Dr. Pernambuco), adquire as terras do Forno da Cal e vários sítios encravados ou adjacentes. Foi ele o responsável pela construção do Matadouro de Peixinhos, iniciada em 1874 e, concluída, em 1919. Sua intenção, com a aquisição dessas terras, era devido à necessidade de ampliar a atividade desse empreendimento.

De acordo com o Diário de Pernambuco (1972a), o Dr. Pernambuco era “um pacificador interesseiro” que pretendia, junto à Câmara, o aforamento das terras perdidas por Henry Gibson.

Para tanto, ele indenizou os herdeiros do inglês pelas benfeitorias realizadas nas terras – o engenho e a fábrica de cal, obtendo-as assim também por aforamento. Portanto, em 26 de janeiro de 1905, consolida-se tal transação quando foi lavrado o termo de aforamento das terras do domínio de Olinda, em favor do engenheiro que, como Henry Gibson, também fez promessas à Câmara.

Com a morte de Henry, a propriedade “Forno da Cal”, foi herdada por Francis, seu filho. Minha avó Beatriz fazia questão de frisar que o “Forno da Cal” tinha sido de seu pai e nossa prima Zenaide Jacques Carneiro Leão (neta de Francis) me relatou que na demolição dos antigos escritórios da empresa, um testamento de Francis teria sido encontrado tardiamente e que se bem lembro, ela afirmou ter chegado a ver este documento.


O novo arrendatario - o Dr. José Antonio de Almeida Pernambuco, era filho de Amália Rosa de Oliveira - irmã de Alexandrina, primo portanto de Francis.

Já o Engenho Beberibe, localizado no Município de Recife e que foi desmembrado do engenho Nossa Senhora d’Ajuda em épocas remotas e que não fazia parte do aforamento conseguido por Henry com a Municipalidade de Olinda, foi deixado por herança a pelo menos 02 herdeiros: Henry Oliver e Alfred.
Lembro-me de que na década de 1970 o Diário de Pernambuco noticiou em sua coluna “Há 100 anos”, que Henry Oliver tinha sido agraciado com o título de “Coronel da Guarda Nacional” e seus amigos se dirigiram ao Engenho Beberibe, de sua propriedade e onde residia, para parabenizá-lo e como presente levaram uma espada que faria parte da indumentária do cargo.
O Casarão do Beberibe, sede da propriedade e que foi residencia de Henry Oliver, já não mais existe.
Pelo lado paterno sou descendente de Alfred e a geração de meu pai, até minha saída do Recife em 1975, recebia mensalmente pagamento por terrenos foreiros no Bairro Beberibe. Então com certeza Alfred foi beneficiado, por herança, de parte dos terrenos do Engenho Beberibe e justamente, por não fazer parte dos terrenos aforados em Olinda, não perdeu posteriormente propriedade para o primo, o Dr. Pernambuco.

Sabíamos também que a COMPESA (Companhia de Abastecimento de Água de Pernambuco) desapropriou uma área de cerca de 5 hectares no Bairro Beberibe, onde construíram um grande reservatório (a caixa d’água de Beberibe) e o numerário referente a indenização, teria sido depositado judicialmente em nome dos herdeiros de Henry Gibson. Não sei se o Henry Gibson informado era o pai ou o filho - Henry Oliver. A quantia depositada (e que nunca foi reclamada) foi bem menor que o valor real do terreno e papai falava que eram tantos herdeiros a serem identificados e representados que não valia a pena o litígio. Isto prova que o Engenho Beberibe já era do Henry antes e independentemente do aforamento do Forno da Cal.

* Dois anos antes, em 1533, devido às ordens de Martim Afonso de Sousa, na capitania de São Vicente, foi fundado o engenho São Jorge, o primeiro engenho brasileiro.
Capela de Santa Ana do Engenho Fragoso

Localização: antigo Engenho Fragoso - Cidade Tabajara

Localizada na Base Rural de Olinda, na estrada que vai até Paulista, a capela é posterior à construção do engenho. A propriedade foi, provavelmente, um presente de Jerônimo de Albuquerque (cunhado do 1o. donatário de Pernambuco), à sua filha Joana de Albuquerque, na ocasião de seu casamento com Álvaro Fragoso, fidalgo de Portugal. Somente por volta do século XIX, a Igreja de Santa Ana é mencionada. No frontispício das atuais ruínas na igreja,está gravada a data de 1845, que sugere uma reforma naquele ano. No século XX, a propriedade perdeu totalmente seu caráter produtivo e a capela foi abandonada. Após reformas empreendidas no século XX, a igreja possuía portada de estilo neoclássico e frontão eclético. A capela manteve-se funcionando, mesmo de forma precária, até a venda do Engenho, em 1951. No local, foi construído um núcleo de casas populares: a Vila Cidade Tabajara. Os últimos resquícios do antigo engenho são as ruínas do antigo Forno da Cal e o que restou da capela, que conserva ainda os traços singelos, que marcam uma época.


O Forno da Cal transforma-se na FOSFORITA OLINDA S/A

E foi só em 1949 que se descobriu a imensa riqueza do Forno da Cal, com reservas de fósforo estimadas em mais de 100 milhões de toneladas e que irão, não só revolucionar a lavoura pernambucana, como também evitar as importações de adubos fosfatados, verdadeira sangria do nosso dinheiro”.

(Vol. IX dos Anais da Sociedade de Biologia de Pernambuco 1949).

O fosfato lá encontrado, pelas suas características, apresentava um magnífico rendimento para a aplicação na agricultura, sem necessitar de qualquer outro tratamento alem da trituração conveniente. Ou seja, o custo seria apenas da extração, salientando que a jazida aflora a superfície.

Outros técnicos também se manifestaram e na opinião do Dr. Olivero Leonardos – “um dos maiores achados minerais da década, comparável a dos depósitos de Manganês do Amapá registrados por Fritz Ackerman, e dos depósitos de Scheelita do Nordeste descobertos por Raimundo Preá e Loel Dantas.”

(Notas sobre o Forno de Cal – Prof. Paulo Duarte – Recife 1954)

Em palestra proferida no Recife, em 22 de Outubro de 1962, o Professor Dr. Júlio Alcindo de Oliveira - da Faculdade de Farmácia da UFPE, chamou a atenção para a importância econômica da formação geológica do Forno da Cal, “que mostrava pertencer - pelo menos em parte, à conhecida jazida da África do Norte, com grandes depósitos de fosfatos também há muito explorados comercialmente.” Revista Engenharia, Mineração e Metalurgia, Vol. XVI n. º 94 nov. /dez 1951 e Vol. XIX , n. º 112, de março de 1954.
Pena que nossa família não tenha insistido na propriedade ou não tenha continuado no ramo da industria do cimento.

1.  Na época de Jerônimo Albuquerque, o Engenho Nossa Senhora d’Ajuda ocupava todo este triangulo assinalado como“Terras de Yngenhos e das Faz.” O Rio que banha o Varadouro é o Rio Beberibe

2.  Lou Neves Baptista Rodrigues deixou um novo comentário sobre a sua postagem "ENGENHO NOSSA SENHORA DA AJUDA":


"A primeira vez que o açúcar foi fabricado no Brasil foi na feitoria de Cristóvão Jacques na Capitania de Itamaracá, segundo o Livro da Casa da Índia da Alfândega de Lisboa/PT que registra o recebimento de açúcar, em 1526, oriundo do engenho de açúcar de Pedro Capico localizado na Ilha de Itamaracá/PE.
Esse documento vem comprovar que a primeira fabrica de açúcar foi construída na Capitania de Itamaracá/PE, destruindo o que escreveu frei Gaspar da Madre de Deus e outros escritores, quando dizem que o açúcar brasileiro foi extraído primeiramente na Capitania de São Vicente. Na verdade a cana-de-açúcar só vem a ser plantada na Capitania de São Vicente quase 10 anos depois, quando foi firmado um contrato social, entre 1533 e 1534, entre Martim Afonso e seu irmão Pero Lopes de Souza, como se refere Dr. Freire Alemão, com João Vicente Veniste, Francisco Lobo e Vicente Gonçalves para a construção de 02 engenhos, sendo um em Itamaracá e outro em São Vicente (engenho São Jorge)."


Postado por Lou Neves Baptista Rodrigues no blog Família Gibson em 20 de março de 2015 14:25

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